Jornalismo de moda expõe ligação entre notícia e roupa
O jornalismo de moda alimenta o mercado de luxo, mas também continua importante para as classes médias e nós, do povão. Confesso que sempre gostei de ler publicações sobre o assunto para entender um pouco das tendências, compreender o comportamento da esposa e acompanhar essa interface entre notícias, artes, comportamento e simbolismos. Afinal, roupa é sempre comunicativa. É uma linguagem do tempo.
Pensei nisso ao ver um documentário no canal Arte 1 sobre a editora de moda Diana Vreeland. Ela criou a figura da editora de moda, dizem os especialistas. Conta-se que Diana criou várias coisas, inclusive a si mesma.“Você tem que ter estilo. Ele te ajuda a descer a escada. Ele te ajuda a levantar de manhã. É um modo de vida. Sem ele, você não é nada”, afirmou.
Na sua tese “O espírito do jornalismo de moda: uma leitura das revistas Elle, Estilo e Vogue”, Juliana Contaifer de Moraes conta que o jornalismo de moda encontrou espaço no Brasil em 1959, com o lançamento das revistas Manequim e Cláudia. As pioneiras confirmaram e expandiram o gosto das brasileiras pela moda, abrindo caminho para publicações estrangeiras como a Vogue, americana, e a Elle, francesa.
“A moda tomou mais lugar na sociedade brasileira, movimentando a economia e revelando talentos que abriram os olhos internacionais e tornaram o Brasil um pólo de cdriação”, observou. Para a pesquisadora Daniela Hinerasky, a entrada do país no circuito de moda se deu mesmo no final dos anos 90, como resultado do crescimento do setor têxtil. Naquele momento, consolidou-se a valorização da moda como negócio, a qualidade da matéria-prima nacional (e o seu aprimoramento), a utilização e os investimentos em tecnologia de ponta, a criatividade dos estilistas e um calendário de moda uniformizando as iniciativas antes isoladas.
Percebendo essa vocação para a moda de alta qualidade, a imprensa especializada evoluiu para acompanhá-la. As publicações se multiplicaram, os blogs surgiram, os jornais se adaptaram, destacando coleguinhas chiques e estilosos para o segmento. Segundo Gerusa Florencio, o jornalismo é um grande aliado da moda no sentido de informar, divulgar dados e influenciar a agenda do público.
Ela observou também duas tendências: “a do jornalista que deixa o seu emprego formal e passa a ter voz própria através de um blog especializado em moda, e também a especialização das blogueiras da área, que buscaram sua profissionalização através dos cursos, que têm como propósito preparar comunicadores para que tenham sucesso na rede, orientando sobre as melhores formas de produzir e divulgar o seu conteúdo”. E o seu estilo, como vai?
* Luiz Gonzaga Neto é jornalista, analista em comunicação da Câmara de Atibaia e blogueiro, autor de brincantedeletras.wordpress.com. Esta coluna pode ser lida também no site do jornal O Atibaiense – www.oatibaiense.com.br.