Mudança na forma de consumir livros durante a pandemia
A redução da receita no segmento editorial pode estar ligada à mudança na forma de consumir livros, já que as obras digitais, que costumam ser mais baratas, ganharam mais espaço durante a pandemia, apontou o Nexo Jornal. Desde 2014, o mercado de e-books está em ascensão, mas, segundo a Bookwire Brasil, que é especializada no segmento, a pandemia acelerou a adesão dos brasileiros aos livros digitais.
Neste primeiro ano da pandemia, consumi e-books pela primeira vez, mas ainda há resistência no meu sistema diante da tela do computador ou do celular, acostumado que estou à leitura do livro físico, presencial. Também comprei livros em papel aqui no Sebo Cervantes, que fica no bairro do Alvinópolis, em Atibaia, e também pela Amazon. Esta gigante do mundo das big techs é rápida mesmo na entrega. Os livros chegam voando.
Segundo a matéria citada do Nexo Jornal, de março a maio de 2020, houve um aumento de 154% no consumo de livros digitais de não ficção e, de junho a agosto, 227% de aumento das vendas de e-books infantis e juvenis. Esses números estabilizaram com a retomada parcial das atividades presenciais.
O setor avalia que “o brasileiro voltou a ler” e que houve ainda a inauguração de um número recorde de novas livrarias no último trimestre do ano e este movimento tende a continuar em 2021. Outro dado importante é que o perfil das obras mais consumidas em 2020 mudou bastante. Em 2019, o ranking de mais vendidos feito pela Nielsen só trazia livros de autoajuda e nenhuma ficção. Em 2020, no entanto, assuntos muito comentados fizeram a diferença na escolha dos livros.
A autoajuda financeira e pessoal perdeu espaço para livros que abordam racismo e política. Livros que refletem sobre o poder também apareceram entre os mais vendidos. O segmento editorial está em período de encerramento da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro (ano-base 2020), cujo foi ampliado para que mais editoras possam participar e responder com tranquilidade o questionário do principal estudo sobre o mercado editorial brasileiro. A pesquisa, que é feita pela Nielsen Book sob a coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), foi lançada em 15 de janeiro.
Por Luiz Gonzaga Neto