Segunda onda da pandemia exige jornalismo criativo
Como você se informa sobre a pandemia para tomar os cuidados corretos até a chegada da vacina? Os sites públicos, de governos estaduais e municipais (Atibaia entre eles), continuam sendo referência. Desconfiada, a grande mídia formou um consórcio para a divulgação dos dados nacionais, a partir de informações colhidas diretamente nas secretarias locais de saúde, e se reposicionou bem no cenário.
Como consumidor de notícias políticas, recorro a sites como os do jornal El Pais, o Nexo Jornal, o Intercept, newsletters, redes sociais (selecionando os mais conscientes e deixando de lado os militantes de direita e esquerda) e conversas online ou por telefone com fontes de diversos setores, amigos e conhecidos, buscando um mosaico relativamente diversificado.
A segunda onda da pandemia deve aportar por aqui, dizem médicos e cientistas, mas as estatísticas se mantêm confusas e indicam fatos aparentemente defasados, por conta do tempo de infecção da covid, da divulgação de fatos a partir de hospitais e profissionais particulares ou sob a ótica de políticos em campanha e das expectativas da população sobre a corrida internacional das vacinas. Sobre esse cenário, o comportamento da mídia em geral é positivo, na minha modesta avaliação.
Pensando por aí, nesta semana recorri a outra importante fonte de notícias sobre a mídia, que é o Observatório de Imprensa, criado pelo saudoso Alberto Dines. Artigo escrito por Carlos Castilho, jornalista graduado em mídias eletrônicas, com mestrado e doutorado em Jornalismo Digital e pós-doutorado em Jornalismo Local, aponta: “Estamos vivendo um preocupante paradoxo. A pandemia do coronavírus volta a encher hospitais, mas os cuidados da população são cada vez menores. Há um crescente descompasso entre as advertências de médicos e a resposta do público que dá nítidos sinais de cansaço em relação às medidas preventivas contra a doença”.
E continua: “Se levarmos em conta que entre o pessoal médico e as pessoas comuns está a imprensa, a questão passa a ser também um desafio ao jornalismo”. Em outras palavras, por que a mobilização social registrada no início da pandemia, em fevereiro e março deste ano, caiu a níveis preocupantes? Percebe-se crescente indiferença em consideráveis segmentos do público. “Não é uma atitude de resistência às medidas governamentais de contenção da pandemia, como demonstrada por setores de negacionistas de extrema direita”, alertou Castilho.
As pessoas estão cansadas, inseguras, ansiosas pelas vacinas e veem o noticiário como repetitivo e pouco criativo. As informações disponíveis indicam que as vacinas podem frear o avanço da doença, mas as medidas preventivas ainda serão necessárias durante um tempo não definido até agora. Os novos hábitos individuais de limpeza e saúde terão de permanecer em 2021, para desespero de muito, e haverá ainda consequências macroeconômicas e macropolíticas. Que fase!