Uma volta à tipografia para saudade dos leitores d’O Atibaiense
Quando cheguei em Atibaia, em 1986-87, vindo da Capital, conheci pela primeira vez uma oficina tipográfica, na avenida Nove de Julho, onde era produzido o jornal O Atibaiense. Muito interessante ver os meninos da gráfica “pescando” os tipos e encaixando os clichês. Era um ambiente com som característico e cheiro de tinta e óleo. Recentemente, encontrei na internet uma foto que me colocou nesta volta no tempo.
Publicada em meu perfil do Facebook, a imagem provocou uma série de comentários. O professor da Unifaat Paulo Malvasi disse “que memória bacana”. João Ataliba Nogueira, vizinho do jornal, advogado e ex-diretor da Vigilância Sanitária, falou: “Eu me lembro bem da oficina e da redação nesse local e especialmente do Bassetto pai, que se tornou meu amigo pessoal. E do Luizinho garoto, que se tornou um excelente cidadão. Só gratas lembranças”.
Amauri Amaral Campos, jornalista, disse que se lembrou do Zé Pomba, personagem que desconheço. O comerciante Roberto Alvesmaq observou que “o tempo está passando muito rápido. Viva a vida”. Cassimiro Silveira, ex-vereador: “Está na minha memória, tinha uma coluna no jornal O Atibaiense, com considerações políticas. Saudades do amigo Bassetto”.
O publicitário J. Clóvis Pinheiro contou que passou sua adolescência numa gráfica, “com os tipos de madeira ou de borracha (tipo passadeira) e uma máquina de folha inteira. Fazíamos cartazes de folha inteira e a tinta era misturada com óleo. Os linotipos feitos em chumbo derretido. Aprendi muito”. O ex-prefeito e grande cronista Gilberto Sant’Anna relatou: “Aos meus 10 anos de idade (1950), meu pai Alfredo Sant´Anna dividia um prédio na praça Bento Paes com o jornal A Gazeta, dirigido pelo Hervécio Scapin. O escritório do pai na frente. A gráfica do jornal ocupava os fundos, onde trabalhavam os irmãos. O jornal era impresso numa rotativa. Um rolo com tinta preta pressionava o papel numa chapa fixa, composta letra por letra e alguns clichês publicitários (técnica de xilografia). As letras garrafais eram usadas para manchetes do jornal. Osvaldo Salgado editou o jornal A Comarca de Atibaia”.
O escritor e livreiro José Martino recordou que seu pai “tinha uma tipografia” e cresceu “brincando com esses tipos”; seu irmão, João Paulo Martino, trabalhou como tipógrafo. O escritor Georges Zaki citou seu tio, irmão de seu pai, que tinha tipografia no Cairo, capital do Egito: “Fui várias vezes para ver como juntavam as letras rapidamente para fazer as palavras. Com a tipografia, ele construiu um prédio”.
A professora Denize Evangelista Silva defendeu que “estórias como estas precisam ser compartilhadas com quem nem sequer conheceu uma máquina de escrever! Vamos pensar num espaço de resgate dessas estórias e memórias tão significativas”. A artista e professora Maria Regina Montenegro Leite elogiou a “bela caixa de tipos”. O pesquisador de história Douglas Brizzante: “Voltei no tempo”.
A colunista social Ercília Bacci ressaltou que iniciou sua “função” jornalística no Edifício São José, na Avenida Nove de Julho, centro de Atibaia: “Uma ousadia de minha parte, trabalhar no jornal e ter o Luiz Gonzaga Neto como colega! A oficina naquela sala ampla, janelas grandes, claras, de vidro, e o jornal”.
Paulo Sérgio Righi, professor e ex-colunista do jornal, escreveu: “Eu era repórter nos anos 80 e fazia uma série de reportagens e matérias para a semana. Tinha que entregar até quinta ou sexta de manhã, porque a primeira página da edição de sábado precisava ficar pronta antes”. Patricia Peçanha Ferreira, chefe do Legislativo na Câmara e assessora do prefeito Saulo Pedroso: “Sou mais ‘antiga’ porque me lembro da gráfica do jornal OAtibaiense nos fundos da igreja do Rosário”.
O jornalista Marco Furlanetto só aplaudiu, colocando um gif. A fotógrafa Eli Obis e o ilustrador Marcos Guilherme elogiaram a imagem do post. A amiga Regina Motta e a artista plástica Gersey Pinheiro Cruz curtiram a nota. O político e presidente do Clube Recreativo Atibaiano José Luiz Pinheiro também voltou no tempo: “Sempre tive fascinação pelas gráficas. Quando comecei a estudar no Major em 1961, e até 1968, tinha um tempo livre em Atibaia e eu ia na gráfica do Amadeu Pérgola, quase em frente ao cine Atibaia, onde era editado o jornal Tribuna do Povo para praticar”.
O empresário e ex-radialista Augusto Luppi: “Era trabalho para artista gráfico! Depois vieram os ‘pestapeiros’. Numa agência de propaganda grande, chegava a haver mais de 100 deles, que depois foram substituídos por apenas um computador! Com o advento do computador, nessa época em São Paulo, mais de 4.000 pastups perderam o emprego. Do dia pra noite. Foi desolador. Era o primórdio da inteligência artificial se impondo”.