O jornal continua a grande usina de informação
O jornal O Atibaiense merece uma atenção do jornalista e escritor Matías M. Molina, quando escrever sobre a imprensa do interior. Este autor tem um livro que, para mim, é daqueles de “cabeceira”. Ou seja, você lê lentamente, saboreando cada texto, cada interpretação, cada informação cuidadosamente apresentada.
É literalmente uma senhora visão da imprensa internacional. Molina fala de grandes “periódicos”, como se dizia antigamente, como The New York Times e Le Monde. Ele conta histórias sobre as famílias controladoras dos jornais, seu desempenho político e econômico, se são ou não empresas com finanças equilibradas.
E a opinião? “A opinião dos jornais não reflete sempre a dos donos. Os grandes jornais têm uma vida que com freqüência independe da vontade do dono. É claro que os principais jornais ajudam a formar a opinião pública, têm influência numa elite, mas ao mesmo tempo são influenciados por ela. Um jornal que simplesmente se limite a divulgar opiniões do dono no longo prazo fica descolado da opinião pública”, apontou Molina.
Segundo o escritor, “os jornais perderam qualidade, sim. A imprensa enfrentou um sério problema econômico. Da 2ª Guerra para cá não conheço um período tão ruim para a imprensa como aquele entre 2000 e 2004. Houve também erros dos grandes grupos, que, na euforia dos anos 1990, começaram a endividar-se em dólar para diversificar. Com a desvalorização, a dívida cresceu e tinha de ser paga em um momento em que o país entrava em depressão econômica. A receita desabou e a dívida em reais explodiu. Todos os grandes grupos no Brasil tiveram problemas. Venderam ativos e demitiram. Jornalistas experientes custam caro. Foram substituídos por novatos. Assim caiu a qualidade”.
Para Molina, se o leitor mais jovem procura a internet, “a informação mais lida na internet é a que o jornal coloca na rede. O jornal, apesar de tudo, é a grande usina de informação, de formação de opinião e de análise”. Aos profetas do fim dos jornais, um cala-boca bem dado. O melhor é voltar à leitura de cabeceira.