Chegou o inimigo nº 1 dos sites de notícias falsas
Antes de escrever esta coluna, muitas vezes sinto vontade de “cavar” nas memórias episódios pessoais e grupais que marcaram minha vida de jornalista. Tem semana que realizo este desejo. Em outras, utilizo o recurso do adiamento, porque o trabalho pode ser maior. Quando me deparo com uma notícia em mídia confiável, trazendo um novo rumo para as coisas, mudo de ideia na hora e não me arrependo.
Foi o que aconteceu nesta semana ao ler, no boletim de notícias do jornal El País Brasil, o título “Movimento expõe empresas do Brasil que financiam, via anúncios, sites de extrema direita e notícias falsas”. Como muita gente, estava com a desagradável sensação de que não havia solução para lidar com esses problemáticos da internet, essa gente maluca que quer ver o circo pegar fogo, incluindo nas chamas o palhaço, os equilibristas, o mágico e nós todos, o público.
Vamos a um rápido resumo: inspirada em modelo dos EUA, versão brasileira da conta Sleeping Giants alerta companhias sobre publicidade em páginas que ajudam a propagar a desinformação. Banco do Brasil, Dell, O Boticário, Submarino e Telecine já retiraram sua propaganda. Telecine e Dell se comprometeram a vetar a anúncios em página denunciada por fake news. O intuito é minar a sustentação econômica de sites e canais ligados à extrema direita.
Assim, o movimento Sleeping Giants, nascido há quatro anos nos Estados Unidos, fincou bandeira em solo brasileiro. “Sempre pensei em formas de combater notícias falsas, mas nunca havia encontrado uma eficiente”, diz o administrador da versão brasileira, que, em apenas dois dias, ganhou mais de 20.000 seguidores. “Até que descobri essa maneira simples de aplicar usando a desmonetização.”
Enquanto a conta original norte-americana se define como “um movimento para tornar o fanatismo e o sexismo menos lucrativos”, o perfil adaptado ao contexto político brasileiro pretende “impedir que sites preconceituosos ou de fake news monetizem através da publicidade”. Em pouco tempo de atuação, o Sleeping Giants Brasil já conseguiu que pelo menos seis empresas se comprometessem a revisar políticas de anúncios via Google.
Faz toda a diferença quando os anunciantes percebem que comprometem sua imagem ao alimentar sites questionáveis voltados à disseminação de fake news, difamação e linguagem grosseira, conteúdos sensacionalistas e chocantes e propagação de mensagens de ódio.