Prótese dentária: procedimentos básicos para o sucesso
Dr. José Francisco Berto
Um bom planejamento deverá ser o carro chefe de todo e qualquer tratamento, principalmente levando-se em consideração as consequências danosas tanto para a saúde física do paciente quanto para a saúde psicológica do profissional.
O planejamento deverá ter uma visão do futuro e não só do presente. Na área de próteses dentárias, todo tipo de procedimento, quer numa simples moldagem ou até na instalação do trabalho terminado, deverá ser cuidadosamente planejado e executado em todos os seus detalhes.
Trata-se de um tema incansável devido à sua importância, visto que as consequências de uma prótese mal planejada e executada poderão ocasionar danos severos à saúde bucal do paciente.
Além da execução passo a passo do trabalho em seus detalhes, após a instalação no paciente, este deverá ser devidamente orientado quanto ao seu uso e aos cuidados relativos à prótese. A má higiene destrói qualquer tipo de trabalho e, no que diz respeito às próteses, não é diferente, chegando a ser um dos fatores mais graves.
Com relação às próteses fixas, ou seja, àquelas que não saem mais da boca, estas deverão fazer parte do sistema mastigatório sem causar nenhuma reação de “rejeição” em todos os aspectos. Uma coroa (pivot) mal adaptada, com excessos, por exemplo, provocará uma reação gengival inflamatória, dando origem a inchaço, dor e sangramento; uma prótese parcial removível (as famosas pererecas), quando não apresentarem uma boa adaptação, poderão provocar sérias lesões que em alguns casos, virão a necessitar de procedimentos cirúrgicos para a sua remoção, além, é lógico, da substituição da prótese.
Já as dentaduras, famosas pela dificuldade em se acostumar com elas, também não fogem à regra, sendo até mais comuns lesões e complicações. As mais frequentes estão relacionadas ao ferimento provocado pela prótese na boca, dando origem a reações no tecido mole, ou seja, gengiva, bochecha, língua. Caso não seja realizado um procedimento curativo, tais lesões desenvolvem-se e se tornarão mais complexas para sua remoção.
A troca de informações entre paciente e profissional é de suma importância para se chegar ao sucesso do trabalho. Durante todo o processo de confecção de qualquer tipo de prótese dentária, exceto próteses imediatas, serão realizadas provas quer estéticas ou funcionais, de muita importância. É nesta etapa que ainda haverá tempo para se fazer os devidos ajustes no trabalho. Após o término e a entrega, torna-se mais difícil qualquer alteração.
Além do planejamento e dos cuidados durante a confecção da prótese e da participação do paciente nesta etapa, a higienização devidamente realizada deixará a prótese com sua vida útil dentro dos padrões normais. Como exemplo, podemos citar a vida útil de uma dentadura que é de cinco ou seis anos em média. Passado este período, podemos ter algumas alterações danosas ao sistema mastigatório e à estética. Com o desgaste natural dos dentes artificiais, teremos a perda da dimensão vertical, ou seja, a boca passa a fechar demais, dando origem a pregas e rugas na face, originando, assim, um envelhecimento precoce do indivíduo.
Face ao exposto acima, podemos resumir em duas palavras-chaves para a obtenção do sucesso: planejamento e manutenção. Planejamento por parte do profissional quanto à execução da prótese em todos os seus detalhes e, a manutenção, por parte do paciente com a finalidade de se obter o maior tempo de vida útil da prótese e a ausência das lesões originadas, em parte, por microrganismos presentes na placa bacteriana e no tártaro. Entenda-se por manutenção, as visitas periódicas ao dentista, além de uma higienização cuidadosa e contínua.
Dr. José Francisco Berto é especialista em prótese, foi professor de prótese da Faculdade de Odontologia da USF e faz parte da Academia Brasileira de Odontologia Estética – ABOE.