Uma breve história de Atibaia – Os Pires
A família Pires representa uma das raízes paulistas. Navegaram a além-mar, em busca de terras selvagens desafiando o oceano cheio de vendavais, das calmarias e dos calamares gigantes que abraçavam os veleiros e os arrastavam para os abismos abissais.
Maria Rodrigues e Salvador Pires desembarcaram em São Vicente no ano de 1531, numa das viagens de Martim Afonso de Souza, em que trazia sementes de trigo para a Capitania. João Pires, pai de Salvador, era um homem de muita coragem e cultura e era gago. Instalaram-se em princípio a beira-mar, mas, os mistérios a serem desvendados além da Serra do Mar fascinavam os portugueses e ainda tinha no litoral o perigo da pirataria.
Sabedor da presença de João Ramalho no local denominado Santo André da Borda do Campo, João Pires e sua família subiram para lá para conviver no planalto, com João Ramalho entre os gentios. Nessa época os bandeirantes acordavam. Organizada por Pero Lobo e Francisco Clave saiu dali uma bandeira composta de oitenta homens, para Cananéia, à cata de pedras pelos riachos.
Os Padres, José de Anchieta e Manoel de Nóbrega, fundaram o Colégio em 1554, numa vila que denominaram São Paulo de Piratininga. João Pires foi nomeado o primeiro Juiz Ordinário e João Ramalho foi nomeado capitão e extinguia-se a Vila de Santo André da Borda do Campo. A família Pires e a família Ramalho, predominavam em São Paulo. Os Pires tornaram-se senhores dos cargos políticos da Vila e dos primeiros escravos africanos desembarcados em São Vicente. João Ramalho casa-se com Bartira filha do cacique Tibiriçá, apaziguando-se assim com os silvícolas das tribos por ali existentes, os goitacazes e guaianazes, etc
A família dos Pires cresceu e politicamente dominou a Vila de São Paulo. Foram mais de três décadas de bonança e mando. Tinham representantes na Corte e no Clero. Possuíam escravaria, dominavam os índios, plantavam cereais em suas fazendas, trigo e centeio e criavam mulas. Bartolomeo Bueno da Ribeira, fez parte da família Pires, casando-se com Maria Pires e deixaram grande descendência em Atibaia.
No último quartel do século XVI, portanto depois de 1575, desembarcou em São Vicente o castelhano Jusepe de Camargo, que chegara sabendo da existência da Vila de São Paulo e do seu Colégio. E que dali saiam as bandeiras para os sertões.
por Renato Zanoni
Na foto estão Nhô Flô e Dona Joaninha Pires