Uma breve história de Atibaia – Os Camargos
Nada dura para sempre, assim foi a felicidade da família Pires, até a chegada da família de Jusepe Camargo.
O castelhano Jusepe de Camargo desembarcou no porto de São Vicente no último quartel do século XVI. Já estava decidido o seu destino, subiu ele para a Vila de São Paulo de Piratininga. Como uma andorinha só não faz verão, enamorou-se de Leonor Domingues, que era descendente de João Ramalho, casando-se com ela. Ali, constituiu família debaixo do mando dos Pires. Religioso que era ele tinha a proteção do Clero e em 1611, três anos depois do nascimento de Fernão Dias Paes Leme, foi nomeado Juiz Ordinário. Resultado esse de sua família crescer rica e poderosa, disputando os cargos com os Pires.
A Vila de São Paulo ainda se ressentia pelo acontecimento da expulsão dos Jesuítas do seu Colégio, fato ocorrido na Capitania de São Vicente que dividira a população em duas facções e causava conflitos em São Paulo. A Companhia de Jesus era defendida por uns e odiada por outros. O antagonismo chegava em vias de fato.
Fernão de Camargo, apelidado “o Tigre”, e Pedro Taques que era solidário aos Pires, viviam em desafetos, fazendo que as duas famílias cortassem as relações de amizade. Nas missas da Matriz da Sé, já se notava a separação na nave da igreja, pelas duas famílias e seus simpatizantes. Avultaram os desafetos e acintes, assistiam os ofícios religiosos cultivando o ódio, que era acirrado pelas matronas das duas famílias. Sob as mantilhas negras, elas deixavam transparecer o olhar de deboche. Os varões eram piores que as mulheres. Se entregaram em provocações até redundar no sangrento ano de 1640. O adverso ano de 1641 chegou ao ponto crítico e sangrento quando o Tigre matou Pedro Taques em pleno Largo da Sé.
Dentre os filhos de Jusepe de Camargo, o Capitão Francisco de Camargo foi casado com Isabel da Ribeira, irmã de Amador Bueno, o Aclamado. O Capitão Marcelino de Camargo, que acompanhou Jerônimo na demarcação da Fazenda São João Batista, era casado com Méssia Ferreira de Távora. Ana Maria Camargo foi casada com o negociante Cláudio Furquim (1). Jerônimo, o sertanista era casado com Ana de Cerqueira.
Por Renato Zanoni