Uma breve história de Atibaia – Apresentação
A partir desta semana, iremos republicar textos do historiador Renato Zanoni (In Memorian) sobre um apanhado geral da história de Atibaia, suas famílias tradicionais e curiosidades do passado. Boa leitura.
As maiorias dos estudiosos afirmam que a crônica nada mais é do que uma narração histórica com seguimento cronológico. Disso discordam outros autores, que contam fatos históricos em crônicas esparsas. Seguindo o tempo e voltando no tempo.
A história de uma cidade é a saga de seu povo. Remexer aqueles fatos e fados é como entrar num labirinto de jardim medieval. Depois do rufar dos tambores antigos e silenciar as cavalgadas, surge a lenda. Lenda, imaginosa história da tradição popular.
Quando a crônica descrita fica presa num período de datas, entramos na história romanceada. O romance é um tipo de leitura suportável aos leitores. Romancear a história verdadeira, sem pecar no exagero da imaginação, combina com o real acontecido.
Entrado em cena a aventura e o pitoresco, a história não peca pelo fastidioso estudo didático das escolas. Assim, pretendo percorrer a história e os “causos” de Atibaia na simplicidade da palavra. A alternância entre o cronológico das datas e o universo das lendas, será a dosagem essencial para o estudo no tempo. Tempo das explorações sertanistas de nosso território, tempo do homem retido ao pé da muralha da Serra Itapetinga.
Atibaia apareceu no mapa por uma circunstância letal, o veneno do ódio entre duas famílias de São Paulo. O Pires e os Camargo. A razão dessa inimizade não era propriamente maldade e sim o poder na corrida por cargos políticos, acoitados pela Corte e pela Igreja. Décadas de desafetos na Vila de São Paulo tornou a vida insuportável e partiram representantes das duas famílias para Salvador, com pastas de documentos na intenção de acusações mútuas. Recebidos pelo Vice-Rei do Brasil, as acusações foram tantas que confundiu as autoridades da Corte.
O Conde de Atouguia pediu a intervenção do Clero de Salvador. Estudados os documentos nada se podia apurar e nem era possível pender para um dos lados, a luta recomeçaria. O Conselho revolveu lavrar um documento de muitas laudas chamado PROVISÃO. Em 24 de novembro de 1655, perante a Corte e o Clero, todos assinaram. Numa breve trégua em obediência ao documento de proposição de paz, que parecia por fim na batalha, como cinza que cobre brasa, novamente a luta se acendeu.
Por Renato Zanoni