Alguma coisa fora da ordem mundial
“Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”. Canção de Caetano Veloso que colocou em meu ouvido na segunda-feira, 13 de janeiro. Sim, há alguma coisa fora da ordem: autoritarismos (agendas e controles de horário), radicalismos, mau-caratismo com cheiro ruim (quantos dias sem tomar banho?), ajustes fortes sobre os humanos deste planetinha, todos tentando se virar nos trinta. Tudo isso em trecho de calçada na cidade onde moramos.
Confuso, eu? Calma, Luiz, só estamos começando o ano e as definições ainda demoram, estão em maturação – tanto as políticas, quanto as culturais e comportamentais. Tento aqui captar/capturar o espírito do tempo, mas ele foge em direção ao infinito. A música popular, em canções raras, consegue esse milagre de identificar o que sentimos nas ruas, nos corações, nas casas, entre as gerações. Gostaria que o jornalismo conservasse essa vibração com seu tempo e não caísse jamais na burocracia, na imposição, no interesse puramente econômico ou no tal do marketing/merchandising, em parceria equivocada com os empresários.
Voltando ao Caetano, “Oração ao Tempo”, outra canção ímpar, coloca o cotidiano, o transitório, no seio do infinito. Somos pequenos mas crescemos quando nos dirigimos para a Divindade. O autor descreve o Senhor Tempo como um “compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”, inventivo, contínuo, vivo, som do nosso estribilho, a quem pedimos em reverência o prazer legítimo, o movimento preciso, propício, o brilho definido em nosso espírito para que possamos espalhar benefícios. E, mesmo na morte, quando estivermos saindo de seu círculo, podemos ainda nos encontrar, em outro nível de vínculo.
Sacou? A MPB tem um alcance que, infelizmente, não vemos na maior parte da imprensa. Essas narrativas de vidas que sofrem implicações e implicâncias. Vamos nos aproximando, aqui e ali, das histórias que revelam bem nossos personagens, o povão, os governantes e a elite. Claro que existem bons e excelentes jornalistas acompanhando a trajetória de nosso tempo, aquele pragmático, marcado no relógio, não o poético e lírico. Se você passar uma boa peneira, vai descobrir essas pepitas aqui no jornal O Atibaiense e na mídia em geral. Sejamos todos teimosos e insistentes!