Os discursos de ódio que sustentam atos racistas
Ouvir a rádio USP e ler o Jornal da USP na internet suavizam minha saudade dos bancos escolares. Nos anos 70 do século XX, ainda sob a ditadura militar, fiz o curso de Jornalismo na Universidade de São Paulo. Saía da Vila Medeiros, na zona norte da Capital e, depois de dois ônibus, chegava todas as manhãs na Cidade Universitária.
Nesta semana, consultando o Jornal do USP, vi que, nos dias 4 e 5 de novembro, evento na universidade reunirá pesquisadores e público para analisar e propor maneiras de intervir em discursos que circulam nas mídias sociais. A matéria é assinada por Pedro Ezequiel. Ele alertou que, “com uma dose de ignorância, atitudes corriqueiras podem se transformar em caminhos para discursos contaminados de hostilidade e racismo”.
São portas abertas para a disseminação de ódio. A proposta da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) é debater a situação no Brasil e no mundo e pensar em maneiras de intervir contra esses discursos e suas matrizes do passado. “Essas mentiras, mitos, são adaptados ao tempo e convergem para o mesmo objetivo: excluir da sociedade ‘grupos indesejáveis’ para eles”, destacou a professora do Departamento de História da FFLCH, Maria Luiza Tucci Carneiro, também coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP.
Segundo a professora, no Brasil existe uma ideia de racismo secular. Seria um fenômeno que atinge a Europa e os Estados Unidos e que chegou ao território nacional através dos mitos propagados, como imagens que deturpam um determinado grupo social e que reforçam, no imaginário das pessoas, um determinado preconceito. O evento busca também afirmar a necessidade da academia se juntar à sociedade para propor soluções aos problemas, como os preconceitos, que são prejudiciais ao funcionamento da democracia.