Caso de nazista em Atibaia, ainda cercado de mistério, voltou à mídia

Wagner havia tentado o suicídio por quatro vezes, como apontou o jornal Folha de S. Paulo, em matéria publicada na edição de 12 de fevereiro de 2019.

O sítio em Atibaia atribuído pela Justiça ao ex-presidente Lula lembrou, para observadores da cena política, o caso de outro sítio, que marcou a história local, mas continua envolvido em mistério e curiosidade. Em 4 de outubro de 1980, foi encontrado, em sítio de Atibaia, o corpo do austríaco Gustav Franz Wagner. O laudo deu como causa da morte uma facada no coração, mas não descartou a alternativa de homicídio.
Wagner havia tentado o suicídio por quatro vezes, como apontou o jornal Folha de S. Paulo, em matéria publicada na edição de 12 de fevereiro de 2019. A reportagem comprovou mais uma vez que a presença do nazista em Atibaia, subcomandante do campo de concentração de Sobibor (Polônia), onde morreram 250 mil judeus, continua chamando a atenção de jornalistas e historiadores.
Após a Segunda Guerra, Wagner fugiu para evitar ser capturado, mas foi descoberto no Brasil, em 1978, pelo caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que contou com a ajuda do jornalista Mario Chimanovitch. Wagner estava, na época, com 67 anos, e acabou se apresentando à polícia, temendo ser capturado pelo Mossad, o serviço secreto de Israel, como ocorreu com o nazista Adolf Eichmann em 1960, na Argentina.

JORNAIS INTERNACIONAIS
O caso de Wagner em Atibaia ganhou as páginas dos jornais internacionais e virou assunto das embaixadas. Países como Israel, Áustria e Alemanha pediram sua extradição, mas apoiadores do nazismo, entre os quais estavam integralistas (movimento nacional identificado com as práticas nazistas), não permitiram que isso acontecesse.
Nas matérias até aqui editadas, não aparece informação que ligue a presença de nazistas em Atibaia com a classe política e a elite locais. Em nível mundial, sabe-se que nazistas envolvidos no massacre de mais de seis milhões de judeus na Europa escaparam de prisão e provável execução, fugindo para outros países e adotando nomes falsos. Entre esses casos, estavam Gustav Franz Wagner, Josef Mengele e Franz Stangl.

ANIMAIS E HORTALIÇAS
Wagner, nascido em Viena (Áustria) em 1910, foi integrante da Schutzstaffel, ou apenas SS, e ficou famoso, sendo conhecido como “A Besta” por sua crueldade. Durante a Alemanha hitlerista, recebeu a condecoração Cruz de Ferro. Com a derrota alemã na guerra, foi condenado à morte (apesar de sua ausência) no Julgamento de Nuremberg.
Há a informação na internet de que ele, em período histórico mais “tranquilo”, chegou a ganhar visto de residência permanente no Brasil, em 1950. Em Atibaia, Wagner criava animais e cultivava hortaliças. Em fase “turbulenta” politicamente, chegou a ser preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Deops) de São Paulo, durante investigações sobre festa em homenagem a Hitler, da qual teria participado. Depois disso, foi reconhecido por sobreviventes de Sobibor.

O CASO DE SERRA NEGRA
Além da Folha de S. Paulo, o G1, da Globo, a revista Época e o website Wikipedia também reúnem informações sobre nazistas no país. O G1 contou o caso do sítio Santa Luzia, bairro das Três Barras, em Serra Negra. Os 23 alqueires de terra foram administrados, entre 1961 a 1969, por Pedro Húngarez, naturalizado paraguaio com sotaque alemão, que arriscava frases em italiano. Era Josef Mengele, médico nazista caçado no mundo inteiro e responsabilizado por 400 mil mortes no complexo de campos de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia, na Segunda Guerra Mundial.
Mengele pertencia também à SS, exército de elite de Adolf Hitler, e havia fugido para a cidade. Era chamado pelos funcionários do sítio de “Pedrão” e chamado por seus caçadores como o “Anjo da Morte”.

O Atibaiense – Da redação

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