O sentimento de ultraje e a educação contemporânea
A nossa preocupação com os jovens, manifestada aqui em artigo anterior, repercutiu na comunidade. É a comprovação de que a realidade afeta muita gente mesmo. Entre os estudantes, essa realidade tornou-se escândalo, não apenas nacional (Atibaia no meio), mas internacional. Estou utilizando informações de artigo sobre a obra The Coddling of the American Mind (A Superproteção da Mente Americana).
A mente americana se espalhou pela cultura e contaminou completamente o jeito “classe média” de ser no Brasil. Então, as diferenças diminuíram para o bem e para o mal. No livro, os autores Greg Lukianoff e Jonathan Haidt analisam as intimidações e a violência ocasional por parte dos estudantes, que se tornam obstáculos para que as instituições de ensino cumpram suas missões fundamentais. E também exploram a sociologia da caça às bruxas e do pânico moral.
A obra aponta seis possíveis respostas, ligadas à polarização política, aos transtornos dos jovens, às famílias atuais, à missão das instituições de protegerem os jovens e a outros temas. Os autores sugerem diversas práticas para que pais e professores sejam capazes de educar crianças e jovens mais confiantes, fortes e independentes. Explicam ainda como instituições de ensino podem se adaptar ao sentimento de ultraje potencializado pelas novas tecnologias. Resultado: houve uma mudança radical na educação contemporânea.
Será que a mídia em geral despertou para esses fenômenos? Se percebeu, está abordando seus vários aspectos, que estão ligados à intolerância, à polarização política, ao discurso da diversidade, às políticas de saúde mental? Pois é, os colegas jornalistas, pressionados pela correria e pelas pautas urgentes, podem perder esse trem.
Nesse “trem”, professores e diretores pisam em ovos. Praticamente tudo, de ideias a temas, passando por simples palavras, pode ofender, causa desconforto ou crises psíquicas. Expressões precisam ser expurgadas das aulas. Há uma paranoia sexual e muitos não levam nada na brincadeira. Surgiu até o conceito de “microagressões”, pequenas ações ou escolhas de palavras que, à primeira vista, não parecem mal-intencionadas, mas que ainda assim são encaradas como formas de violência.
A situação brasileira é um pouco diferente, pela desigualdade social e pela presença disfarçada do racismo (que nos EUA é escancarada), mas precisamos ficar atentos a esses fenômenos. Precisamos explorar esses novos territórios de significados.