A reforma da Igreja Matriz

Sabemos que nessa reforma a igreja ganhou uma decoração interna realizada pelo pintor espanhol Eliseu Peres Valdez.

Márcio Zago

Em 1940 o jornal O Atibaiense publicou uma matéria informando sobre a reforma que ocorria na Igreja da Matriz. Nessa ocasião a igreja ganhou os bonitos vitrais que permanecem até hoje. Nada consta sobre a autoria das obras, mas sabemos quem pagou cada vitral. Sabemos também que nessa reforma a igreja ganhou uma decoração interna realizada pelo pintor espanhol Eliseu Peres Valdez.
Segundo o jornal, Peres Valdez era diplomado pela Academia São Fernando, de Madri, com aperfeiçoamento em Paris, onde expôs suas telas no Louvre e no Museu do Prado.
A matéria concluía: “Há três anos que Peres Valdez deixou a Espanha e se acha no Brasil. Esteve antes na Argentina e depois no Rio Grande do Sul. Em Pelotas residiu por algum tempo, tendo concorrido à Exposição Farroupilha, onde seus belos painéis ocuparam lugar de destaque. Executou diversos quadros para o então Governador Flores da Cunha. Em Minas, Goiás e no interior de São Paulo, Valdez tem decorado inúmeras igrejas, pois que é especialista em pintura sacra.
Amigo e patrício dos padres agostinianos que dirigem as paróquias de Perdões e Atibaia, para aqui veio fazer uma estação de repouso. Aproveitando a sua permanência entre nós, o reverendo padre Francisco Abril incumbiu-o da decoração da Matriz. Assim quiseram os fatos que para aqui viesse um pintor de nomeada como é Peres Valdez, que deixará o seu nome ligado a esta cidade por seus artísticos trabalhos de pintura, a enriquecer ainda mais o tradicional patrimônio religioso que representa a Igreja Matriz de São João Batista de Atibaia”. Esse episódio é semelhante a outro fato ocorrido em 1911, quando o pintor Benedito Calixto também passou por Atibaia e também deixou sua contribuição à Igreja da Matriz a pedido de um padre.
Mas se a obra “Santo Sudário”, de Benedito Calixto, permanece preservada até hoje em lugar de destaque em nosso mais representativo templo católico, o mesmo não aconteceu com a obra de Eliseu Peres Valdez. Infelizmente, a decoração realizada pelo pintor espanhol sucumbiu sob novas camadas de tinta ou, pior, pode ter sido removida para sempre sem a menor possibilidade de um dia ser restaurada.
Fato que reflete o nosso desconhecimento sobre o histórico cultural do município, seus artistas, suas obras e a importância de cada realização em relação ao contexto em que foi produzida. Por curiosidade, segue o nome dos patrocinadores de quatorze vitrais instalado na Matriz: O de São João Batista foi pago pelo Sr. Joviano Alvim; o de São Sebastião pelo Sr. João Batista Peçanha; o do Santíssimo Sacramento, pelas senhoritas Lázara e Lucila Alvim; o da Imaculada de Murillo, doado em memória de Guilherme Gonçalves Barbosa da Cunha; o de Nossa Senhora Aparecida, pela Sra. Olympia Virgínia Leite; o de São Benedito, pela Sra. Maria Alvim; o de São José, pelo Sr. José Aguiar Peçanha; o de Santa Teresinha, pelo Sr. José Herculano Bueno; o de Santo Agostinho, doado em homenagem ao reverendo cônego Juvenal Augusto de Toledo Kolly; o de Santo Antônio, pelo Sr. Francisco Cancherini; o Crucificado, pelo Sr. Paulo Cunha Franco; o de São João Evangelista, doado em memória de Joaquim Pires de Camargo; o de São Pedro Apóstolo, doado em memória de Lourdes de Camargo; e o de São Paulo Apóstolo, pelo Sr. Arthur Rodrigues de Siqueira.