Futebol Amador volta a crescer em Atibaia

Liga Atibaiense de Futebol tem hoje 45 times filiados e competições cada vez mais disputadas.

Foto arquivo / Roberto Doratiotto

Por Murilo Martinho*

O futebol amador de Atibaia cresceu nos últimos anos. A cidade conta hoje com 45 times filiados à Liga Atibaiense de Futebol, um aumento de 50% em relação há 10 anos. Novas premiações, criação de novos times e aumento da competividade explicam esse novo momento do futebol de várzea na cidade.
Desde 2021, a liga está sob a presidência de Camila Faraço, uma das pessoas mais influentes em Atibaia quando o assunto é futebol amador. “Todo campeonato da liga além de troféus e medalhas, damos uma premiação para o campeão, vice, terceiro e quarto. São cerca de R$ 50 mil em prêmios para todas as categorias, o que é um fator também que atrai mais equipes competitivas que investem e gastam com seu elenco”, destaca a atual presidente.
Há mais de duas décadas Camila contribui com o esporte. Uma história que vem de família. “Estou há 25 anos na liga, comecei com 14 anos quando meu pai, que muitos conhecem, o falecido Carlos Faraço tinha uma equipe categorias de base e eu sempre acompanhava. Em um determinado momento surgiu um estágio na liga, na parte de informática. Aos 14 anos, eu estudava na parte da manhã e a tarde ia para a liga ajudar o então secretário, sr. Nicolino de Oliveira, a modernizar o controle. Sr. Nicolino foi uma lenda do futebol amador Atibaia, trabalhou mais de 30 anos. Hoje já é falecido, me ensinou muito… Aí fui ficando de estagiária, auxiliar administrativa, diretora de árbitros, secretária geral… Há 3 anos fui eleita a primeira mulher presidente liga com 100% votos na eleição”, conta Camila.

Tradição há 3 décadas
O Brasinha Esporte Clube é um dos times mais tradicionais da cidade, fundado em 1985. De lá pra cá, conquistou duas vezes o campeonato municipal, além de diversos títulos da Copa Atibaia. Marcelo Ferreira, ex-presidente do Brasinha e figura conhecida no cenário do futebol amador, concorda que a modalidade vive um novo momento.
“Chegou a ter 14, 15 times na primeira divisão, mais 10 na segunda e nem tinha a terceira. Então, os times começaram as ver as coisas erradas e começou a ir para os bairros… hoje com a volta da Camila ela já conseguiu a confiança de todo mundo”, disse Marcelo.
Mesmo depois de tanto tempo, O Brasinha segue sendo uma das potencias do futebol amador da cidade. “O campeonato é muito pesado hoje, o campeonato amador da primeira divisão. Se você colocar assim nos principais times, 60% é jogador profissional. Se você pegar a base do Brasinha, era quase todo o time do Atibaia, que era antes profissional”, concluiu Marcelo.

Novas caras
A Associação Atlética Dragões da Ponte, é um dos clubes que surgiu nesse novo contexto do futebol amador em Atibaia. Foi fundada em 2014 e disputou durante 7 anos a primeira divisão municipal. O presidente do clube, Robinho, como é popularmente conhecido, comentou sobre o atual momento do futebol de várzea atibaiense. “Devido a gestora que assumiu, a presidente da liga, hoje em dia tá fazendo uns campeonatos muito mais organizados, muito mais sérios, então acho que tá em uma elevação grande…”, destaca ele.
Além disso, Robinho comentou também sobre os principais desafios que uma equipe amadora enfrenta hoje em dia. “Os principais desafios, hoje em dia pra tocar um time amador… Já vem do ser humano mesmo… Porque é difícil você conseguir jogador para jogar hoje na várzea. Assim, antes você tinha 50 jogadores pra jogar, hoje pra você conseguir juntar 11 é meio difícil porque a várzea hoje em dia, os caras não jogam mais por amor à camisa, os caras jogam mais em relação ao dinheiro mesmo, relata.”

Quem são os atletas?
Além de uma gestão competente, quem faz a várzea acontecer são os jogadores, quem conciliam os jogos nos fins de semana com seus compromissos pessoais. Luiz Felipe, conhecido como Messi, trabalha e faz faculdade de Direito em São Paulo. Ele defende às cores do Dragões da Ponte. “A vontade de jogar bola, sempre quis jogar bola, desde pequeno, cheguei a jogar base e tudo, acabou não rolando… A gente acorda 7 da manhã de domingo, perde quase um dia todo jogando e faz isso porque gosta”, conta.
“Depende do clube, clubes iniciais dão suporte com carona, água, um gelol, um medicamento. Clubes que são mais estruturados já fornecem um dinheiro para o jogador, 150, 250 reais… Quando você pega clube grande na várzea, já chega a pagar 500 conto, busca em casa, deixa em casa, tem preparador físico, tem tudo isso, diz. “

* Murilo Martinho é estudante de Jornalismo da UNIFAAT e produziu a reportagem sob supervisão do professor Lucas Rangel.