Representatividade desde o berço
O poder transformador de levar rostos e corpos diversos para a cena pública enquanto crianças assistem.
Anna Luiza Calixto
Representatividade importa, disso você provavelmente já sabe ou pelo menos já leu por aí. Mas na prática, qual o poder de se sentir representado na grande mídia? Cinema, TV, política, repercussão pública… Bem, caso você não saiba a resposta te convido a acessar o perfil do Instagram do Instituto Alana, organização da sociedade civil de renome que atua na proteção aos direitos das crianças, e assistir o vídeo publicado recentemente que mostra o tapete vermelho da premiação hollywoodiana Globo de Ouro no momento em que duas garotinhas abordam a atriz Issa Era muito entusiasmadas por finalmente conhecerem a Barbie presidente, papel que ela interpreta no filme. “Eu quero ser você!” – diz uma delas. A atriz responde no tom perfeito, dizendo que ela pode facilmente ser presidente.
Cenas parecidas viralizaram nas redes sociais quando foi divulgado o primeiro trailer do live action de A Pequena Sereia, no qual a atriz Halle Bailey aparece deslumbrante mergulhando com longos cabelos vermelhos, cantando a música tema e provocando fascínio. Meninas dos EUA apareceram no vídeo viral emocionadas com a aparição, arrepiadas com as cenas, ansiosas para assistir o filme.
O que há de comum entre Ariel e a Barbie presidente? Ambas são mulheres negras, excluídas dos papeis de protagonismo no chamado mainstream (mídia majoritária) durante décadas. Para menininhas como as dos vídeos que mencionei aqui, ver-se como princesas, super-heroínas, presidentes e empresárias bem-sucedidas é de uma potência transformadora, porque rompe a barreira preconceituosa que diz a elas até onde podem chegar, quando a realidade é que as políticas públicas devem alicerçar uma estrada que possibilite os acessos com igualdade e dignidade. Elas devem chegar aonde quiserem ir.
O mesmo vale para crianças com deficiência, indígenas, ribeirinhas, enfim… Diferentes fenótipos, formatos de famílias nucleares, origens sociais, histórias, vozes e corpos. Todos com os mesmos direitos e a mesma importância.
Enquanto nos comportarmos como se a infância brasileira fosse predominantemente branca de classe média, fechamos os olhos para a pluralidade dos meninos e meninas do nosso país, nossos brasileirinhos. Toda criança é nossa criança e cada uma delas deve enxergar nas grandes mídias um espelho de quem é e, principalmente, de quem pode ser.