Diálogo entre gerações pode revalorizar os mais velhos
O Papa Francisco destacou no ano passado a importância do “dialogar entre gerações para construir a paz”. “Alguns tentam fugir da realidade, refugiando-se em mundos privados, enquanto outros a enfrentam com violência destrutiva. Mas, entre a indiferença egoísta e o protesto violento há uma opção sempre possível: o diálogo entre as gerações. Significa ouvir um ao outro, confrontar posições, obter acordos e caminhar juntos. “Favorecer essa iniciativa entre as gerações significa amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para cultivar as sementes de paz duradoura e compartilhada. As crises contemporâneas revelam a urgência dessa aliança. Se os jovens precisam da experiência existencial, sapiencial e espiritual dos idosos, também estes precisam do apoio, carinho, criatividade e dinamismo dos jovens”.
Ainda segundo a maior liderança do catolicismo, “os grandes desafios sociais e os processos de pacificação não podem prescindir do diálogo entre os guardiões da memória – os idosos – e aqueles que fazem avançar a história – os jovens –; tal como não é possível prescindir da disponibilidade de cada um dar espaço ao outro, nem pretender ocupar inteiramente a cena preocupando-se com os seus interesses imediatos como se não houvesse passado nem futuro. A crise global que vivemos mostra-nos, no encontro e no diálogo entre as gerações, a força motora duma política sã, que não se contenta em administrar o existente, mas presta-se, como forma eminente de amor pelo outro, à busca de projetos compartilhados e sustentáveis”.
No mercado de trabalho e na vida social, o preconceito contra os mais velhos infelizmente continua, repetindo estigmas como “debilitados, doentes, improdutivos”. Ao mesmo tempo, as empresas estão mais maduras para discutir diversidade e inclusão, com ações em prol dos públicos que compõem a sigla LGBTQIA+ ou que favorecem a questão da equidade racial, além da variedade cognitiva. “A ideia é que tenhamos também a experiência, que se traduz em habilidades técnicas de comunicação bem desenvolvidas com profissionais sêniores, e a manutenção do conhecimento institucional que eles carregam”, disse para a revista Época Negócios a consultora Margareth Goldenberg.
Os recursos de envelhecimento saudável, o aumento da expectativa de vida e a atualização de parte das gerações mais experientes estão transformando para melhor a imagem daqueles que estão na terceira idade. As empresas estão descobrindo que jovens e velhos não são excludentes, mas complementares. Elas precisam de times multigeracionais para troca de conhecimentos e para incentivo às inovações, sem perda das tradições e do compromisso com o futuro. O importante é nos sentirmos úteis, produtivos, no auge da capacidade intelectual. Novo estudo da AARP, American Association of Retired Persons (entidade americana de pessoas aposentadas), afirma que a população 50+ vai dobrar no planeta; e projetou que a economia mundial será beneficiada. Segundo o “Global Longevity Economy Outlook”, a participação dos 50+ na economia global dobrará nas próximas três décadas, crescendo de 45 trilhões de dólares para 118 trilhões de dólares em 2050, algo em torno de 39% do produto interno bruto.