Confronto com o presidente é um erro deste lado do balcão
Poder público e imprensa estão sempre em conflito pelo espaço de determinar a verdade. É normal na vida democrática. Os comunicadores têm a primazia da palavra e da imagem, em qualquer meio utilizado, do jornal papel à internet. Os políticos têm de cumprir as regras da transparência e nem sempre estão acostumados aos questionamentos.
A imprensa está convivendo com uma presidência da República das mais difíceis. Há inabilidade no trato com os jornalistas, para dizer o mínimo. Em situações extremas, que aconteceram numerosamente, os repórteres de plantão no Palácio do Planalto foram desrespeitados, confirmando a deixa para a imprensa “bater” bastante verbalmente no ocupante do cargo máximo da nação. Quem se deu bem nessa briga?
Não gosto muito de falar de nomes, porque integram histórias familiares. E toda família, por mais trapalhada que seja, merece ser abordada com educação, mesmo que seja só para dar o bom exemplo. Os erros da presidência são conhecidos, mas os acordos de paz são mais importantes e úteis. O único erro que apontaria na imprensa, ou seja, deste lado do balcão, é que o confronto não é aconselhável nem produtivo. Parte dos veículos de comunicação decidiu claramente explorar os “podres” do poder federal. Essa atitude ajuda a população ou apenas cria mais ódio na população em geral e nos grupos que dão suporte aos extremismos de direita? Não sei.
Nesta altura do campeonato, vou citar o líder humanitário Prem Baba: “A situação política atual abre uma oportunidade para percebermos também a nossa responsabilidade nesses conflitos. Ainda somos muito imaturos. E a imaturidade é caracterizada pelo jogo de acusações. Atente a essa lei do psiquismo e da própria existência: uma pessoa madura consegue alcançar a autorresponsabilidade e uma pessoa imatura está sempre à procura de um culpado”.
Olhando mais um pouco para o cenário, vemos que nos últimos anos, com os protestos desde 2013, nasceram muitos políticos de rua, que contagiam seus pares em nome de causas sociais, preços de serviços básicos e até do direito de trabalhar. É o caso do Movimento dos Entregadores Antifascistas que, em meio à pandemia, fizeram greve para fazer notar sua importância. Um alerta para os aplicativos e para as classes mais ricas que insiste em não os enxergar.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, há outra guerra contra abusos de poder em curso, mas lá o alvo é a rede social mais famosa. Mais de 160 empresas, entre elas alguns dos maiores anunciantes do mundo, suspenderam publicidade na rede social em protesto pela falta de controle das informações tóxicas e dos discursos de ódio. Mais sinais de transformações nesta era turbulenta.