Imprensa séria vai sobreviver à crise da pandemia
A internet completou 50 anos em 2019. É pouquíssimo tempo, mas a dimensão do impacto ainda não foi totalmente avaliado. Todas as relações sociais, nas mais diversas esferas, sofreram mutações profundas, que redimensionaram as formas como lidamos e enxergamos o mundo, apontaram Mariana Mandelli, coordenadora de comunicação, e Isabella Galante, colaboradora, ambas do Instituto Palavra Aberta.
Com a crise da pandemia, que vivemos no planeta desde dezembro, a mídia tradicional e os novos meios de comunicação passarão, inevitavelmente, por transformações. Minha aposta é que a boa imprensa tradicional, séria e comprometida com os valores da democracia e da verdade, sobreviverá.
Como afirmamos por diversas vezes nesta coluna, meu caro leitor, é consenso que o imediatismo aprofunda a desinformação, uma vez que, no processo de disseminação de dados, circulam mentiras, boatos e invenções, que se propagam por redes sociais e aplicativos em velocidade exponencialmente maior.
As autoras do artigo citado observam que, tecnicamente, não existe notícia falsa, visto que textos noticiosos têm autores e devem prezar por serem objetivos e equilibrados, apresentando evidências e citando especialistas. O que se convencionou chamar de “fake news” são, portanto, inverdades e fabricações espalhadas com intenções altamente questionáveis para contribuir para a onda de desinformação em que vivemos.
O trabalho do jornalista profissional consiste em pesquisar, procurar fontes, entrevistar, confirmar, editar, hierarquizar e, finalmente, divulgar o ocorrido para o público. Um conteúdo jornalístico deve seguir padrões éticos e de confiabilidade. É verdade que tem sido deslegitimando o trabalho da imprensa profissional. É preciso recuperar o senso comum de que o chamado “quarto poder” sustenta e fortalece a cidadania e os regimes democráticos, à medida em que assegura o direito à informação.
Cidadãos mais críticos são menos vulneráveis à manipulação e à desinformação, podendo tomar decisões mais conscientes na hora de se informar. Só assim poderemos lidar de maneira mais crítica, ética e responsável com as grandes transformações que estão começando.