Juiz de Casamentos, com 101 anos, faleceu no sábado em Perdões
Filho mais velho de Porfírio de Morais Cunha e Tecla Franco de Camargo, Domingos nasceu em 20 de maio de 1923.
“Seus cabelos prateados são coroa de esplendor, obtida mediante uma vida justa” – Provérbios, 16:31. Com esta citação, em maio do ano passado, o jornal O Atibaiense, em artigo do Dr. Rogério Correia Dias, saudou o cidadão de Perdões Domingos Morais Cunha, juiz de casamentos, que estava fazendo 100 anos. Sábado passado à tarde, faleceu o ilustre perdoense aos 101 anos, completados em 20 de maio de 2024. O velório – com toda e merecida honra – foi realizado na nave central do Santuário do Senhor Bom Jesus dos Perdões. Após Missa de Corpo Presente celebrada pelo padre Celso dos Santos Neto, o corpo foi levado ao Cemitério Municipal da querida cidade vizinha.
Filho mais velho de Porfírio de Morais Cunha e Tecla Franco de Camargo, Domingos nasceu em 20 de maio de 1923 – no “Dia do Senhor”, no alvorecer da Festa de Pentecostes – no então Distrito de Perdões, no bairro Nhanguara, no Sítio dos Camargos, onde viveu até seu casamento. Em 28 de junho de 1945, aos 22 anos, uniu-se em matrimônio – no Santuário do Senhor Bom Jesus dos Perdões, sob as bênçãos do padre Adolfo Morán – com D. Josephina dos Santos, passando o
casal a residir no centro da cidade, logo atrás da igreja, na Rua Dom Duarte Leopoldo, 76 – onde ele morou até seu centenário.
A descrição do Dr. Rogério lembrou que ele teve quatro filhos: João, Maria Aparecida, José Luiz e Ângela, dez netos, dez bisnetos e dois tataranetos. Hábil profissional da construção civil, discípulo do tio Luiz Franco de Camargo, participou
ativamente da reforma do Santuário, tendo saído de suas mãos, com inigualável capricho, o reboco de suas sólidas e imponentes paredes. Empreendedor, criou no final dos anos 1960 – juntamente com seu primo Tirso Camargo e com o padre Alberto Antonelli – um cinema na cidade. Funcionando no salão paroquial e sendo ele o bilheteiro, a novidade era muito concorrida: todos queriam ver, entre outras atrações, os filmes do Mazzaropi, grande sucesso de público na época.
Servidor público municipal durante a vida toda, praticamente, e vereador entre 1969 e 1973, cargo à época sem remuneração, ele mostrava com indisfarçável orgulho seu diploma expedido pela Justiça Eleitoral. Homem de notória probidade, em 31 de maio de 1971 foi nomeado para o honroso cargo – de natureza voluntária, não remunerada – de Juiz de Casamentos, tendo oficiado desde então, e até muito recentemente, mais de três mil casamentos de três gerações da cidade. No belo perfil que escreveu, o Dr. Rogério terminou com palavras imorredouras de São Paulo em sua Carta aos Romanos: “Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; (…); a quem temor, temor; a quem honra, honra”.