Vacina na infância sim
Anna Luiza Calixto
Por que vacinar crianças? – parece que já tivemos esta conversa antes, não parece? Mas venho aqui retomar insistentemente este tema porque há um aspecto reacionário que tem predominado em diferentes famílias cujas figuras de cuidado não permitem que as crianças e adolescentes da casa sejam vacinados contra o vírus HPV (papilomavírus humano).
Por mais que isto soe absurdo – e realmente é – os argumentos são diversos e infundados. Há quem diga que a vacinação na infância contra o HPV estimula as crianças ao início precoce e desprotegido da vida sexual. Quanto a isto, é evidente que se trata de um enorme equívoco, uma vez que há pesquisas que comprovam que a educação sexual preventiva e saudável leva crianças e adolescentes a se abrirem com seus familiares próximos sobre sua vida sexual e pedir orientações. Além disso, quanto mais cedo começa a educação sexual de autoproteção mais tarde tende a iniciar-se a vida sexual da pessoa em questão.
Desconsiderando essa falácia, não há como ignorar o movimento negacionista que exclama aos quatro ventos que as vacinas são extremamente prejudiciais à infância, havendo até quem acredite que a vacinação infantil tem relação direta com os índices de autismo na adolescência. É lamentável ter que contrapor esse tipo de ideia estapafúrdia quando deveríamos estar discutindo questões reais, como a necessidade de ampliar a capilaridade de acesso às políticas de saúde pública e imunização comunitária.
Pesquisas apontam que pessoas vacinadas na infância têm uma resposta mais efetiva contra vírus como o HPV. Além da resposta superior, a administração da vacina no público mais jovem garante que meninos e meninas já estejam protegidos contra o HPV antes do início da sua atividade sexual. Isso contribui para reduzir a transmissão do vírus entre as pessoas, possibilitando a longo prazo a erradicação de doenças como o câncer de colo de útero. (Fonte – Instituto Butantan)
Comprovando a capacidade de proteção duradoura da vacina contra o HPV, estudos conduzidos em países como Suécia, Dinamarca, Finlândia, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália acompanharam durante mais de 10 anos os efeitos positivos da vacinação contra o HPV. Nesse período, permaneceram altos níveis de anticorpos e não foi registrado NENHUM caso de câncer relacionado ao HPV na população imunizada. O surgimento de lesões pré-cancerosas ou verrugas genitais também foi reduzido.
O Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza a vacina contra o vírus HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias); homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia; pessoas vivendo com HIV/Aids e mulheres que tenham sido vítimas de violência sexual.
A eficácia é indubitável, mas isto não parece fazer sentido para os membros do movimento antivacina cujas fake news nas redes sociais parecem não perder a validade para alguns tantos negacionistas. A realidade é que contra fatos não há argumentos e, mais do que isso, a recusa pela imunização é um atentado contra as crianças que eles dizem defender tão assiduamente.
Protejam nossas crianças. Vacinem nossas crianças.