Secretária de Saúde esclarecer atendimento na Santa Casa em sessão da Câmara
Grazielle Bertolini foi questionada por vereadores sobre acompanhamento de uma paciente idosa que foi transferida para leito de retaguarda.
A secretária de Saúde de Atibaia, Grazielle Bertolini, participou de sessão da Câmara Municipal nesta quarta-feira (22) para responder a questionamentos de vereadores sobre atendimento na Santa Casa da cidade. A secretária reforçou o comprometimento da pasta em prestar um serviço de qualidade à população e citou dificuldades, como a limitação física da instituição.
O comparecimento da secretária Grazielle Bertolini à Câmara se deu após reclamações envolvendo o atendimento de uma paciente idosa que deu entrada na Santa Casa em 19 de janeiro e passou por cirurgia de fístula, que teve complicações. Enquanto se recuperava em um leito de enfermaria, a paciente foi deslocada para um leito de retaguarda, em 15 de fevereiro, devido à entrada de casos de emergências na Santa Casa, e um dia depois voltou ao leito de enfermaria, explicou a secretária.
“A grande insatisfação da família é a paciente ter sido mobilizada para leito de retaguarda. Isso acontece porque nós precisamos mobilizar leitos para não desassistir outros (pacientes). Essa paciente passou por procedimento cirúrgico no dia 20 de janeiro, depois passou por complicação e outro procedimento no dia 24. Ficou na UTI, muito bem assistida, evoluindo positivamente. Esse problema que ela deu entrada tem mortalidade de 60% e esta paciente está em um processo muito produtivo de recuperação”, disse Grazielle Bertolini na Câmara Municipal.
“O descontentamento foi tirá-la do leito da enfermaria e passar para o leito de retaguarda. Mas a gente tem uma capacidade limite e é uma unidade de porta aberta. À medida que entra um paciente, nós temos que garantir acesso a ele… Este tipo de gestão de risco nós fazemos todos os dias para dar conta de uma demanda que só cresce. A paciente não foi negligenciada, não foi omitida qualquer possibilidade de assistência”, acrescentou ela.
A Secretaria Municipal de Saúde iniciou um processo de auditoria para apurar e fazer investigações sobre o caso, embora a família da paciente não tenha procurado os controles internos da instituição ou da Prefeitura, destacou a titular da pasta.
O médico Rodrigo Fullini Ataliba, diretor clínico da Santa Casa de Atibaia, disse na mesma sessão da Câmara que não houve imprudência nem imperícia no tratamento da idosa. “Houve um processo de evolução da patologia, cursou como poderia ter cursado, com algumas complicações que foram devidamente abordadas, e felizmente a paciente evoluiu de forma satisfatória”, explicou ele.
Alta demanda e comissão intervencionista
Conforme lembra Grazielle Bertolini, nos últimos anos Atibaia cresceu consideravelmente e, apesar dos investimentos expressivos do Poder Executivo na área de saúde, a estrutura hospitalar existente hoje na Santa Casa não apresenta mais capacidade física para ampliação de maneira a acompanhar a evolução de demanda que vem sendo observada. Diante desse cenário, a Prefeitura havia iniciado a construção de um Hospital Municipal (com cerca de 150 leitos e três vezes maior que a Santa Casa) com o objetivo de solucionar essa equação. No entanto, o seu processo de construção foi interrompido por uma ação judicial.
A secretária destacou que no ano de 2022 foram realizados 147.306 atendimentos na Santa Casa, sendo que a projeção do Censo 2022 aponta para uma população de 171.672 habitantes no município. “Há mais de 20 anos já foi denotado, no processo de intervenção, que essa estrutura (da Santa Casa) não daria conta da nossa população. A estrutura física deste hospital da década de 60 era para a população da década de 60… Todos nós agentes políticos precisamos batalhar por um hospital regional”, disse ela.
Para assegurar um melhor atendimento, mesmo com as limitações físicas, a secretária informou sobre o avanço no processo de tecnologia e de serviços digitais à população, com o início do agendamento do transporte sanitário e do laboratório, com a retirada de exames: “estamos neste processo de integração de tecnologias, porque na saúde a gente trabalha com tecnologias do Ministério da Saúde e que nem sempre eles têm possibilidade de integração com outros sistemas”.
Desde junho, a Santa Casa de Atibaia está com um novo modelo de gestão, sob a responsabilidade de uma comissão intervencionista. Constituída por uma equipe técnica de servidores públicos, a comissão tem como objetivo melhorar os serviços prestados, especialmente a assistência hospitalar. Entre as melhorias observadas na Santa Casa nos últimos meses estão a disponibilidade de equipamentos novos e modernos que garantem mais agilidade e precisão na realização de exames, como um tomógrafo e aparelhos de raio-x; intensificação na marcação de exames, cirurgias e consultas, inclusive aos finais de semana, para agilizar os atendimentos; além da nova recepção, reestruturada para melhor atendimento dos pacientes.
A Santa Casa de Atibaia obteve recentemente uma outra importante conquista, a revalidação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS em Saúde. Concedida pelo Ministério da Saúde a pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, a certificação reconhece a finalidade de prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).