Popular Cinema, o segundo espaço exibidor de Atibaia
Márcio Zago
O Popular Cinema não foi à primeira casa cinematográfica com exibição regularde Atibaia, como consta em alguns registros, foi a segunda. A primeira foi o Recreio Cinema, que mais tarde saiu do mercado municipalapós construir seu próprio espaço: oPavilhão Recreio Cinema. Pouco tempo depois é que surgiu o Popular Cinemafuncionando no mesmo Teatrinho do Mercado ocupado pelo antecessor. O espaço já estava preparado para funcionar como cinema em razão das reformas e adaptações realizadas anteriormente pelo empresário Deoclides Freire, que até aquele momento reinava absoluto no embrionário segmento cinematográfico de Atibaia. Desde a compra do primeiro projetorda cidade até construir o primeiro cinema,Deoclides Freire játinha realizado inúmeros investimentos na área e começava a colher os frutos de seu trabalho quando surgiu o concorrente. Seu sucessochamou atenção de Hilário de Vasconcelos, que se articulou para montar outro cinema na cidade passando a investir pesado contra o concorrente.
E assim no dia 20 de outubro de 1912 tem inicio o segundo espaço regular de exibição cinematográfica de Atibaia: o Popular Cinema, ou simplesmente Popular como era nomeado. Uma semana antes “O Atibaiense” informava: “No próximo domingo será inaugurado com toda solenidade a nova casa de diversões que tomou o título de Popular Cinema, que funcionará provisoriamente no Teatrinho do Mercado, a qual se acha caprichosamente ornamentado.
Os empresários João Hilário & Saraiva, fizeram aquisição de um aparelho PATHÉ de primeira ordem, com força duplicada do que atualmente funciona no Pavilhão (Recreio Cinema); os bancos tão incomodativos que existiam na plateia foram substituídos por cadeiras de assento de palhinha Tonèt, as quais oferecem cômodos excelentes aos frequentadores dessa casa de diversões. O aparelho é acionado por um motor expendido. A iluminação será toda feita de possantes lâmpadas de filamento metálico de força de 150 velas cada uma. Enfim vamos ter um Cinema moderníssimo, onde serão observados todos os melhoramentos introduzidos nessas casas de diversões, tanto na Europa, como no Rio de Janeiro e São Paulo.
Os programas serão sempre compostos de 14 fitas e observando o tempo nas passagens das fitas os mesmos de São Paulo, que não tornarão “cacetes” de horas e horas de tempos perdidos em péssimos assentos por maiores metragens que tenham as fitas. Haverá pequeno intervalo em meio do espetáculo para descanso dos espectadores (…)”. A partir daquele momento Atibaia, que já possuía o Pavilhão Recreio Cinema, passou a ter outro espaço cinematográfico com exibição regular, o Popular (que mais tarde também construiria seu cinema). Começava uma disputaacirrada em busca do pequeno público da época, que contava ainda com a concorrência dos espetáculos circenses que ocorriam com frequência na cidade.Assunto para a próxima semana.
* Márcio Zago é artista plástico, artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”.
Criador e curador da Semana André Carneiro.