A gestão emocional faz diferença na mediação
O Projeto Agente Multiplicador, do CEJUSC Atibaia e Jarinu, realizou em julho palestra sobre “Gestão emocional: uma abordagem neurocientífica”, com Elvira Leme. O objetivo foi abordar a necessidade de “trabalhar as emoções e lidar com elas enquanto mediadores e advogados”. É um aspecto relevante que cresceu entre os profissionais atuantes na área. Em junho, a palestra do projeto foi com o Dr. João Walter Cotrim Machado, juiz de Direito da 4ª Vara Cível de Praia Grande (SP), que apresentou suas reflexões sobre processo e mediação.
A intelingência emocional é tema de palestras, treinamentos e livros há bastante tempo. No mundo do trabalho, as empresas já criaram o consenso de que não bastam competências técnicas. São necessárias também as “soft skills”, a habilidades comportamentais, que dão liga às relações nos ambientes organizacionais. Disposição para a autorresponsabilidade, a superação de conflitos pelo consenso, atitudes flexiveis e o interesse em mudar e adaptar aprendizados históricos são características esperadas em empresas com foco na inovação e criatividade.
Considerado o “pai da Inteligência Emocional”, Daniel Goleman ensinou que o controle das emoções é essencial para o desenvolvimento do indivíduo. Não há uma loteria genética que define vitoriosos e fracassados no jogo da vida e, embora existam pontos que determinem o temperamento, muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados. Temperamento não é destino. O autor definiu a inteligência emocional como a “capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”.
A gestão de emoções é a capacidade de compreender e avaliar as próprias emoções, indicando quais serão as ações. Há diferença entre emoções e sentimentos. Para os neurocientistas António Damásio e Joseph E. LeDoux, a emoção é resposta comportamental e cognitiva automática a estímulo, de forma inconsciente, com reflexos no corpo, como aceleração nos batimentos cardíacos ou tensionamento muscular. Já o sentimento é experiência consciente desses reflexos, ou seja, o cérebro dá significado às alterações fisiológicas que a emoção gerou.
Assim, a gestão de emoções não envolve controle ou eliminação do que passa por seu cérebro ou corpo, mas a compreensão das experiências na sua plenitude. Fácil não é. Precisamos todos aprender essas técnicas, sejamos mediadores ou beneficiários da atenção dos CEJUSCs.