O primeiro circo de Atibaia
O circo tinha seu pavilhão armado num vasto terreno do Sr. João Lúcio, à Rua José Bonifácio (hoje Praça Bento Paes).
Márcio Zago
No inicio do século XX o circo já estava totalmente inserido nas atividades culturais de Atibaia. Com a cidade ainda pequena, os circos visitantes também eram de pequeno porte. O crescimento do município criou condições de trabalho para as companhias maiores, influenciando significativamente no gosto estético dos moradores. Em geral o roteiro de circulação incluíam outras vilas e cidades da região, tendo em média um mês de permanência em cada localidade. Tocados pela arte circense um grupo de “hábeis meninos acrobáticos” fundaram em 1906 o Circo Oriente, aparentemente o primeiro circo criado em Atibaia. (Outra iniciativa semelhante ocorreu em 1938,com o “Circo Teatro Atibaiense”, mas isso é assunto para outra coluna).
As primeiras informações sobre o Circo Oriente dão conta do resultado da eleição ocorrida em março de 1906, ficando decidida a reeleição do menino Benedito Marciano como Presidente da associação diversiva que dava estruturação ao circo. Esta, e outras informações, levam a crer que a companhia existia antes mesmo desta data.
O circo tinha seu“pavilhão armado num vasto terreno do Sr. João Lúcio, à Rua José Bonifácio (hoje Praça Bento Paes) e seus espetáculos tiveram boa concorrência, sendo frequentado por muitas pessoas gradas da cidade”. Ainda em 1906foi publicado pelo Sr. Libório Telles uma crítica sobre o espetáculo: “Os pequenos do Circo Oriente… no trabalho de barra Antenor mostra-se forte e promete com o tempo ser um bom artista; o pequerrucho Accácio Perani foi muito apreciado por sua pequenez, fazendo os giros que fez com muita agilidade e recebeu enorme salva de palmas de todos os espectadores que no circo se achavam.
Os outros não são ruins e tiveram também algumas palminhas. Para o salto de argola e o trabalho no chão José Guilherme (Geco, como chamam), está em primeiro lugar, já é um artista e esta é a opinião de todos quanto o viram trabalhar. Para ele saltar e vergar é o mesmo que chupar bala. O serviço de argola muito ainda precisa exercitar, estão um tanto fraquinhos, mas servem, já dão o seu recado nesse trabalho, destacando-se com justiça Altino, Rolindo e José Benedito, que foram regularmente aplaudidos. O palhaço João Pierotti promete muito e já diz as coisas com muita graça, e por isso não é preciso que a gente peça ao espectador ao lado para fazer cócegas para que se possa rir um pouco. A propósito, deixamos por último o Ferrinho, este trabalha muito bem nos deslocamentos. Só a sua capacidade nesse serviço vale os trezentão que custa a entrada…”.
Márcio Zago é artista plástico e artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”. É criador e curador da Semana André Carneiro.