Depois das falsas, as “junk news” estão no foco do combate
Por Luiz Gonzaga Neto
Nesta temporada eleitoral, muito se falou sobre notícias falsas, as tais “fake news”. Especialistas consideram que o trabalho da imprensa séria, representada pelas redações mais profissionais, boa parte delas em jornais tradicionais, conseguiram desmontar boa parte das invenções e das mentiras deslavadas, mostrando ao público que a realidade é outra.
Especialistas preferem falar em “junk news”, as notícias-lixo, as porcarias que circulam principalmente nas redes sociais. É uma expressão mais ampla para se referir a fenômeno que vai além da política. As “junk news” são as notícias de baixa qualidade. Antes, você via esse tipo de coisa nas revistas de fofocas. Hoje, o conceito inclui não só as notícias distorcidas mas também as publicações excessivamente polarizadas com intuito de confundir o leitor sem indicar, por exemplo, a autoria ou o corpo editorial da plataforma de publicação.
“Junk news” falam de celebridades, expõem preconceitos, divulgam teorias conspiratórias e comentários mascarados, sensacionalistas, personalizados e homogeneizados como trivialidades inconsequentes. São produzidas para provocar reações psicológicas no público. Essas publicações têm cinco critérios estabelecidos pelos pesquisadores, que incluem falta de profissionalismo; estilo emocional; problema de credibilidade e informação falsa; enviesamento ideológico; ou falsificação de marcas e fontes para deixar conteúdo produzido com aparência de verdadeiro. Outra característica é que as “junk news” tiram de contexto um assunto para transmitir outra mensagem.
Junk lembra comida ruim. É um termo irônico para se referir a um produto que é o contrário do jornalismo investigativo. Os meios de comunicação de massa sempre foram criticados por disseminar notícias não produtivas, baratas para gerar e lucrativas aos proprietários. O surgimento do termo teria acontecido em março de 1983, numa edição da revista Penthouse, utilizado por Carl Jensen.
Como líder do projeto Censored, ele frequentemente criticou a mídia por ignorar histórias importantes. Os editores se incomodaram e ressaltaram seu poder de escolher o que tem destaque. Jensen fez, então, uma revisão do que era publicado e chegou à conclusão de que nada existia de investigativo: fofocas sobre famosos, notícias sexuais, estatísticas que mudam diariamente, lançamentos de filmes, bizarrices, notas sobre aniversários, rumores esportivos e promessas de campanha a cada dois anos.