Violência doméstica gera mais de um registro policial por dia em Atibaia

Apenas no início de dezembro já foram mais de 10 boletins de ocorrência, incluindo casos também de cidades da região.

 

O Atibaiense – Da redação

Apenas entre os dias 5 e 10 de dezembro, ao menos 6 boletins de ocorrência referentes a violência doméstica foram registrados na delegacia de Atibaia. Observando os registros, praticamente todos os dias (com raras exceções) há ao menos um B.O. relatando ameaças e agressões.
Não só os casos de Atibaia são registrados aqui. Há ocasiões em que casos de outras cidades menores da região, como Piracaia, Bom Jesus dos Perdões ou Nazaré Paulista aparecem no livro de B.O.s. São vítimas que procuraram o plantão policial de Atibaia para denunciar os agressores.
Um deles, de 25 de outubro, é de tentativa de feminicídio em Piracaia. A polícia foi acionada para ir até a Santa Casa da cidade porque uma vítima de ferimentos a faca havia dado entrada. A mulher contou aos policiais que foi agredida pelo próprio marido. O suspeito confessou o crime, alegando ciúmes e nervosismo. Disse ainda que estava sob efeito de bebidas alcoólicas. A vítima sofreu quatro facadas, sendo duas no braço, uma no peito e uma no joelho, todas profundas e suturadas, sem risco de morte.
Em 25 de novembro, em Nazaré Paulista, um homem foi preso após tentar matar a ex com golpes de marreta. Ela foi levada ao hospital em estado grave.
Em setembro, em Atibaia, um homem foi preso depois de empurrar a mulher e a filha de um carro em movimento. Elas sofreram escoriações.
Esses são apenas alguns exemplos de dezenas registrados a cada mês. As violências relatadas são sempre muito parecidas: ou o atual companheiro agride a vítima em alguma discussão e situação do dia a dia; ou o ex-companheiro não aceita o fim do relacionamento e vai atrás da vítima.
Há 1 ano Atibaia conta com o NAM (Núcleo de Atendimento à Mulher), na delegacia. Talvez pela existência de um atendimento especializado e de mais campanhas informativas, o total de B.O.s tenha aumentado, com as vítimas sentindo-se mais seguras em denunciar. Mas não se pode negar que a violência contra a mulher vem crescendo.
Apenas em 2024, o Fórum de Atibaia determinou 393 medidas protetivas. Em 2025, até maio, mais de 250 mulheres registraram boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil, resultando em mais de 170 medidas protetivas.
Em Atibaia as mulheres contam com serviços disponibilizados pelo Poder Público, a exemplo da Patrulha Guardiã Maria da Penha, uma unidade especializada da GCM instituída por meio de um termo de colaboração firmado junto ao Ministério Público. Há ainda o Centro de Referência para a Mulher da Secretaria de Assistência Social, onde é feito atendimento socioassistencial de mulheres vítimas de violência doméstica, assim como das crianças que também sofrem dentro deste contexto familiar.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), apenas em outubro foram 22 feminicídios em todo o Estado; 99 tentativas de homicídio; 5.838 ocorrências de lesão corporal dolosa e 8.375 ameaças.
A SSP informa ainda que entre janeiro e outubro de 2025 foram registrados 53 casos de feminicídio na capital paulista. Este é o maior índice anual desde 2018, mesmo sem contabilizar os meses de novembro e dezembro. Em todo o estado de São Paulo, foram registrados 207 feminicídios entre janeiro e outubro deste ano. No mesmo período do ano passado, foram 191. Um aumento, portanto, de 8% considerando os dez primeiros meses do ano.
O crime de feminicídio foi tipificado em lei federal em março de 2015. A partir disso, os casos começaram a ser contabilizados separadamente de outros tipos de homicídio. A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. As penas para o crime variam de 12 a 30 anos de prisão.