Câmara aprova projeto que institui o programa “Cuidando de Quem Cuida”, voltado às mães atípicas
O projeto visa promover ações de orientação e atenção às mães atípicas e estabelece no calendário oficial de datas e eventos do Município.
Foi aprovado na sessão da Câmara de terça-feira (03) o projeto de lei, de autoria da vereadora Ana Borghi, que institui o programa “Cuidando de Quem Cuida”, visando promover ações de orientação e atenção às mães atípicas e estabelece no calendário oficial de datas e eventos do Município a “Semana da Maternidade Atípica”, a ser comemorada anualmente na terceira semana do mês de maio, e dá outras providências.
Pela proposta, considera-se mãe atípica aquela mulher ou cuidadora que é responsável pela criação de filhos que necessitam de cuidados específicos para pessoas com deficiência, síndromes e doenças raras, e transtornos como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Dislexia, dentre outros. Segundo a vereadora, o objetivo é estabelecer medidas para reconhecimento e conscientização sobre as condições peculiares da maternidade atípica e para a promoção de ações de orientação e atendimento às mães atípicas, incluindo a oferta de atendimento psicossocial prioritário.
“O termo ‘mães atípicas’ refere-se às mães que lidam com a criação de filhos que necessitam de cuidados específicos. Sabe-se que a maternidade por si só já é difícil, mas quando se trata de maternidade atípica essa dificuldade é potencializada, uma vez que as demandas aumentam, assim como as preocupações com relação à aceitação da sociedade e os obstáculos que essa criança encontrará ao longo de sua vida. Tudo isso faz com que as mães redobrem a preocupação com seus filhos”, explicou a autora do projeto.
No documento, ela cita dados de 2012 do Instituto Baresi, que mostraram que no Brasil 78% dos pais abandonavam as mães de crianças com deficiência e doenças raras antes de elas completarem 5 anos de idade. “O pai vai embora e quem abre mão de tudo para cuidar dessa criança é geralmente a mãe. É ela quem assume o peso do cuidado, muitas vezes sem uma rede de apoio, abdicando de sua própria vida pessoal em prol do filho ou da filha. E essas mães, que são vistas como heroínas ou guerreiras, são, na verdade, mulheres cansadas, sobrecarregadas, estressadas e adoecidas, que acabam sendo acometidas por várias situações, como a falta do autocuidado, o desprezo e as doenças psicossomáticas”, alertou a vereadora.
“Nesse contexto, instituir um programa específico para acolhimento e atendimento dessas mães e cuidadoras, bem como estabelecer uma semana para a maternidade atípica, são formas de dar voz a estas mães, que por vezes infinitas são porta-vozes de seus filhos. Significa ampliar os espaços de discussão sobre esse tema, que é fundamental para o desenvolvimento das políticas públicas voltadas para essas mães, além de possibilitar o ativismo, engajamento, participação social e política por meio da constituição de uma rede de apoio”, concluiu Ana Borghi.