Ex-secretário de Administração Penitenciária é “exemplo de homem público”
Em cartão elegante e com letra manuscrita impecável, o Dr. Rogério Correia Dias me presenteou no final do ano passado com um livro, “Histórias”, recomendando-me a leitura atenciosa do trabalho. Falando da singela e atenciosa lembrança, o Dr. Rogério afirmou: “O autor, Dr. Nagashi Furukawa, é meu exemplo de homem público”. Por coincidência, naquele mesmo dezembro de 2023, vi que o ex-secretário estava no auditório do Fórum Cidadania, em Atibaia, para acompanhar evento público e fui cumprimentá-lo, agradecendo pelo exemplar com dedicatória. Simples e acolhedor, o Dr. Nagashi reforçou em mim essa impressão de que devemos manter a busca incansável pelos bons modelos de autoridade, de governante, de executivo público.
O livro do Dr. Nagashi traz histórias de sua família e de sua atuação no mundo do trabalho, especialmente no Direito. Logo nas primeiras páginas, fala com muito carinho de seu avô, Tadanao, humilde agricultor de mãos calejadas, e isso me conquistou definitivamente. “Mesmo depois de falecido surgiram histórias a seu respeito. Faleceu em 1958, aos 80 anos de idade e sepultado em Bragança Paulista. (…) Sua empatia com as pessoas era inigualável”, comentou o autor, citando causos saborosos que encantaram familiares e amigos.
“Tive o privilégio de prosseguir nos estudos. Ao terminar o curso de Direito e me tornar advogado, prossegui na luta ingressando no serviço público por concurso nos cargos de delegado de polícia, promotor de Justiça e juiz de Direito. Fui convidado pelo governador Mário Covas para ser secretário da Administração Penitenciária, cargo que ocupei por quase sete anos”, acrescentou o Dr. Nagashi, que voltou às origens após advogar por cerca de 14 anos.
“Decidi escrever este livro principalmente para que meus cinco netos saibam quem foram meus ancestrais e saibam quem foi seu avô. Se ao menos um deles sentir algo semelhante ao que descrevi do meu avô Tadanao, já serei um homem realizado. Também voltei ao sítio em Tuiuti onde morei dos 8 aos 20 anos de idade. Não consigo ser lavrador, mas recordar o passado faz bem para o espírito”, acrescentou.
No livro, o Dr. Nagashi lembra ainda que a situação encontrada pelos imigrantes japoneses da época era o contrário do que esperavam: ao invés de uma terra próspera e fazendeiros generosos, acharam terríveis condições de vida e cruel exploração da mão de obra, quase equivalente à escravidão. “Com o sonho completamente desfeito de retornarem ao Japão em 3 ou 5 anos, trataram de se adaptar à realidade”.