Duzentos postes são atropelados por dia
Os postes são de diferentes modelos e complexidades. Podem sustentar uma simples rede de poucos e pequenos clientes ou uma linha de alta tensão com centenas, até milhares de consumidores.
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Esse o número de estruturas de sustentação da rede elétrica atropelado diariamente no Brasil. A informação é da associação das empresas distribuidoras de eletricidade. A prevalecer essa média diária, registram-se a mais de 70 mil postes destruídos por ano e, o pior de tudo, a interrupção do fornecimento elétrico durante horas, para grande numero de consumidores residenciais, comerciais ou até industriais.
Os postes são de diferentes modelos e complexidades. Podem sustentar uma simples rede de poucos e pequenos clientes ou uma linha de alta tensão com centenas, até milhares de consumidores. Sua substituição pode demorar muitas horas, dependendo do número e capacidade dos fios e da existência ou não de feridos no acidente; nesse caso, o reparo demora mais tempo porque antes dele é necessária a perícia policial.
Toda vez que um poste é avariado, o causador do acidente é chamado a arcar com o custo, de aproximadamente R$ 10 mil. O elevado número de acidentes e outros problemas – especialmente a queda de árvores ou galhos sobre a rede elétrica – sugerem a conveniência de implantar redes subterrâneas, como as existentes em Brasília/DF. O grande inconveniente é o preço da modificação. Enquanto a rede aérea custa R$ 30 mil por quilometro, a subterrânea ficará em R$ 300 mil. Isto é, dez vezes mais. São Paulo, a maior cidade do País e da América Latina tem poucas redes elétricas enterradas. As das ruas Oscar Freire e Avanhandava – ruas comerciais – foram custeadas pela iniciativa privada. A Av. Faria lima tem 1,5 quilômetro e a da Av. Paulista se extende por toda aquela via. Só em locais com necessidades urbanísticas ou adicion ais o serviço é implantado devido ao seu alto custo.
A questão custo-beneficio e as disponibilidades financeiras do sistema levam a crer que durante muito tempo ainda teremos dois, tres ou mais postes espetados em cada quarteirão de nossas cidades e, para evitar os acidentes, só os motoristas tomando mais cuidado ao conduzir seus veículos. Quanto às árvores cujos galhos caem sobre os fios, a solução mais plausível é a prefeitura cuidar da manutenção, contratar alguém que o faça ou delegar ao proprietário do imóvel o direito ou obrigação de cuidar da árvore que lhe dá sombra e ornamenta sua propriedade. Evidente que dentro de normas e condições, inclusive, com a supervisão técnica de pessoal especializado capaz de saber se a necessidade é poda, substituição ou qualquer outro serviço. A possibilidade mais concreta de livrar o consumidor das interrupções elétricas decorrentes de acidentes nas redes (postes avariados por trombadas ou queda de galhos sobre os fios) deverá vir da proliferação de sistemas de autogeração eólica ou fotovoltaica, cada dia mais disponíveis em nosso País. Mas, mesmo assim, as redes continuarão existindo para complementar a instalação do cliente nas horas de consumo elevado e reverter para o sistema público o que sobrar da geração doméstica. Assim, o poste parece ser para sempre e a única alternativa é prestar atenção para evitar os acidentes. Quem tromba com o poste pode trombar com qualquer, que é estático, coisa que esteja no seu caminho, especialmente as que se movimentam…
Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)