Nova estação de tratamento de água acompanhará crescimento imobiliário pelos próximos 10 anos

Em entrevista ao jornal O Atibaiense, a superintendente da SAAE, Fabiane Santiago, falou sobre o fornecimento de água e o saneamento do município.

O Atibaiense – De redação

A ETA Central está quase pronta e vai dobrar a capacidade de tratamento de água no município, mas se expansão imobiliária continuar em alta, em cerca de 10 anos será preciso encontrar uma alternativa para abastecer toda a população. As informações são da superintendente da SAAE, Fabiane Santiago, que concedeu entrevista ao jornal O Atibaiense esta semana.
Fabiane explicou que a nova estação de tratamento de água central, que fica na sede da SAAE, está com 92,1% concluída. Considerando toda a estrutura, como adutora, bomba de captação, projetos etc., são cerca de 90,6% dos serviços já concluídos. A expectativa é de que a empresa entregue a obra pronta até o final do ano, mas a data mais para que sejam feitos posteriormente os ajustes necessários até a operação ficar plena. Mas segundo Fabiane, a previsão considerada hoje é terminar a obra em abril de 2024. “Temos quatro meses de comissionamento, que é a empresa ver os problemas e ajustar. Nós gostaríamos que a empresa já entregasse a obra no fim do ano, para termos esse período de ajustes até abril. Mas se a entrega for em abril, os ajustes serão nos meses seguintes, até ter o funcionamento pleno”, explica.
Fabiane acrescenta que no início haverá a interligação da estação atual com a nova, para garantir que não haja problemas de abastecimento e qualquer ajuste necessário seja feito de forma segura. Em seguida, a ETA atual será desativada, dando lugar somente à nova estação, que dobrará a capacidade de tratamento de água.
“O sistema de tratamento é diferente, mais moderno e a estação é automatizada. Hoje o processo é manual. A ETA conseguirá com menos esforço fazer a mesma coisa e em volume maior”, conta Fabiane. Mas a modernidade terá um custo e um deles é a necessidade de funcionários qualificados para trabalharem com o sistema automatizado. “Precisaremos de técnico de automação à disposição, que não temos hoje. Manutenção é diferente, com mais tecnologia, parte eletrônica, já estamos nos preparando com essas contratações, formulando um concurso público para ter os profissionais necessários. Também vamos ampliar os funcionários do setor operacional”.
Uma ETA com maior capacidade é fundamental, já que o sistema atual não comporta mais crescimento. Fabiane explica que hoje a SAAE não tem autorizado a implantação de novos empreendimentos imobiliários sem que tenham sistema próprio de fornecimento de água. “Temos colocadonas certidões solicitadas, mesmo em área com disponibilidade de rede, de que temos a infraestrutura, mas não temos a disponibilidade de água. Ou devem esperar a ETA Central nova ficar pronta ou devem ser construídos com sistema isolado de água. Alguns prédios construíram com poço artesiano e nestes casos tiveram a aprovação”.
Fabiane disse que houve um crescimento acelerado no setor imobiliário durante a pandemia e agora, nesse pós mais recente. “O número de certidões que nós aprovávamos por mês triplicou. De fato, há pressão imobiliária muito grande no município e a infraestrutura não acompanhou.Em andamento, de certidões com sistema isolado ou abastecidos por nós, são 22 mil unidades que vão acontecer nos próximos anos ou estão em andamento. Tem prédios, tem loteamentos, condomínios. Vale lembrar que muitos não estão em nossa área de cobertura, como por exemplo, área mais rural, sem rede de água”.
A superintendente destaca que com os novos empreendimentos que estão para sair, a SAAE vai usar a capacidade total da nova ETA. “Daqui 10 anos mais ou menos teremos que pensar em alternativa se a cidade continuar a crescer nesse ritmo”.

FALTA DE ÁGUA
Fabiane diz que hoje, sem a nova ETA, sistema atende à cidade, mas está no limite. Com o calor excessivo dos últimos dias e a previsão de que as ondas de calor continuem, ela alerta para a importância de economia de água e uso consciente. “Não tivemos problemas com falta de água ainda. Notamos, no último fim de semana, mais quente, que houve uma queda de pressão em locais mais altos. Algumas casas ficaram sem água. Podemos ter problemas pontuais, alguns locais mais altos ficar sem pressão e faltar água em determinados momentos em que o consumo está muito alto na cidade”.
Ela ressalta que a SAAE já trabalha para resolver as demandas pontuais de falta de pressão, mas que é essencial que a população tenha consciência para não desperdiçar.
Entre os trabalhos recentes para evitar falta de água está a interligação da ETA Central com a ETA Cerejeiras. Como esta última é abastecida pelo Córrego do Onofre, há momentos em que a captação passa por problemas como nível mais baixo e ainda descarte irregular de resíduos no córrego. Com a obra, é possível enviar água da ETA Central para abastecer essa região em momentos de falta.

COLETA DE RESÍDUOS
Atualmente, o serviço atende 100% do município. Contabilizando a área urbana e rural, pelas modalidades porta a porta e contêineres, coleta em média, 4.900 toneladas/mensais.
Fabiane destaca que com relação à coleta seletiva, Atibaia é uma das poucas cidades brasileiras a atingir 100% de atendimento na área urbana, em expansão para a zona rural, desde 2017. “A importância socioambiental deste serviço pode ser observada pela média de material coletado: cerca de 275 ton/mês, que são selecionados e comercializados pela Cooperativa São José, gerando renda para quase 100 famílias além de reduzir os impactos ambientais do consumo”, destaca.
Há, no entanto, o desafio da cobrança da taxa de lixo para os locais onde não existe a rede de água. Isso porque a taxa é normalmente cobrada na fatura da tarifa de água e esgoto. Desta forma, se a pessoa pagar a fatura de água, consequentemente está pagando também a taxa de lixo. Onde não há a rede de água, a SAAE emite um carnê somente da taxa de lixo. E nesses locais a inadimplência é muito alta.
“Já existe autorização para que a taxa de lixo seja cobrada na conta de energia elétrica, mas a Elektro ainda precisa fazer os ajustes para iniciar essa cobrança”, explica Fabiane.

ESGOTO
Sobre o tratamento do esgoto, Fabiane destaca que o serviço vem avançando desde 2013. Antes, apenas 40% do esgoto do município era tratado. Atualmente esse número subiu para 85% (somando toda a operação – ETE Estoril + ETE Caetetuba), beneficiando cerca de 85 mil moradores em 16 bairros de Atibaia
A revitalização da ETE Estoril, em setembro de 2022, ampliou a capacidade de tratamento de 200 para 300 litros de esgoto por segundo. Com a ampliação da estrutura, houve uma redução no risco de disseminação de doenças, garantia de qualidade da água consumida, maior proteção do meio ambiente, reduzindo a poluição e aumentando a preservação dos ecossistemas.
Com relação à ETE Caetetuba, desde sua inauguração, em dezembro de 2020, com o avanço das obras (redes, coletores e elevatórias), o número de famílias atendidas com serviços de esgoto tratado subiu de 650 para 3429. Além de Caetetuba, o atendimento se expandiu para os bairros Jardim São Felipe, Jardim Cilar, Vila São José, Jardim Colonial, Vila Santa Clara, Nova Atibaia, Vila São Sebastião e Vila Esperança.