A arte da guerra é preservar inimigos e conversar com adversários
“A Arte da Guerra – Por uma Estratégia Perfeita”, de Sun Tzu, descrito como general e mestre, é um dos livros mais citados, não sabemos se corretamente ou apenas por referências pouco criteriosas. Consultei uma edição da Madras, com tradução de Heloisa Sarzana Pugliesi e Dr. Márcio Pugliesi. Mas o que teria a ver um texto que fala de guerra numa coluna sobre paz? Tudo, meus amigos. Primeiro, a principal batalha é travada interiormente, entre o nosso coração e a nossa mente, entre apegos do passado e desejos de futuro. Segundo, nas sociedades atuais os conflitos são mais virtuais e de imagem, mas ainda ocorrem ações violentas em territórios além daqueles dos jogos, que viciam adolescentes e adultos. E a Guerra da Ucrânia está aí para não nos deixar mentir.
Se estamos sempre numa guerra, a verdade maior é que há uma ética a ser praticada, tanto interior quanto exteriormente, tanto por indivíduos quanto por exércitos, países, blocos e pela própria humanidade como um todo. Sua guerra pode ser social, cultural, econômica, religiosa, política, científica, diplomática, filosófica, ideológica, partidária, etc. Preserve seus inimigos e converse com seus adversários. Sun Tzu nos ensinou que o supremo mérito do vencedor consiste em quebrar a resistência do inimigo sem a necessidade de empreender a luta armada. O vencedor evita invadir cidades e submeter os adversários a situações vergonhosas ou destrutivas. É um guerreiro da inteligência e sensibilidade.
Assim, a arte da guerra é filosófica: “Será vitorioso aquele que sabe quando pode lutar e quanto não pode; quem sabe quando usar tanto as grandes quanto as pequenas forças; aquele que tem as tropas unidas por um propósito; aquele que é prudente e fica à espera do inimigo potencial, ou seja, aquele que ainda não é adversário, mas que amanhã poderá sê-lo. Será vitorioso aquele cujos generais são capazes e não sofrem interferências de seu soberano. Conheça o inimigo e conheça a si mesmo; assim, numa centena de batalhas, você nunca correrá perigo. Quando se desconhece o inimigo, mas se conhece a si mesmo, são iguais as suas oportunidades de ganhar ou perder. Mas, quando desconhece a ambos, certamente estará em perigo em todas as batalhas”.
Saber o momento certo é tudo. É preciso decidir e definir, mas nunca com pressa ou precipitação. “Um exército vitorioso triunfa antes do embate; um exército perdedor luta na esperança de vencer. O hábil na guerra domina seu impulso e seu ataque é precisamente ajustado. Aparente confusão é produto da boa ordem; aparente covardia, de coragem; aparente fraqueza, de força. Ordem ou desordem dependem de organização; coragem ou covardia, das circunstâncias; força e fraqueza, das disposições. Não se pode encarregar pessoas de algo que não sabem fazer. O correto é selecioná-las e dar-lhes responsabilidades, conforme suas aptidões”.