Sistema Cantareira: chuvas voltaram, mas região precisa de mais recarga de água

 As chuvas foram 70,4% acima da média histórica em toda a bacia, porém, ainda não foram suficientes para ampliar as vazões dos rios da região.

Após 7 meses, precipitações voltaram a ficar acima da média histórica em setembro; no entanto, recarga das fontes de água está lenta. Este é o cenário desenhado no início de outubro pelo Consórcio PCJ, apontando que o Sistema Cantareira não deve sair da faixa de alerta em 2022.
O Boletim Mensal sobre a Disponibilidade Hídrica nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí é resultado do monitoramento de dados sobre precipitações, vazões dos rios, previsão do tempo e volume de água armazenada nos reservatórios do Sistema Cantareira. O documento mostrou que as chuvas foram 70,4% acima da média histórica em toda a bacia, porém, ainda não foram suficientes para ampliar as vazões dos rios da região, que estão abaixo do esperado para o período.

NÃO FORAM SUFICIENTES
A área de recarga do Sistema Cantareira – complexo de reservatórios que abastece as Bacias PCJ e a capital de São Paulo – também apresentou precipitações acima do esperado para setembro, em torno de 47,6%. As chuvas não foram suficientes para evitar a tendência de queda do volume armazenado no sistema, que caiu 0,79%, em cenário de estabilidade.
A equipe técnica do Consórcio PCJ estudou quatro cenários tendenciais para o comportamento do Sistema Cantareira, desde o mais otimista até o mais pessimista, levando em conta o volume das precipitações e as previsões de chuvas. Em todos, os reservatórios permanecerão dentro da faixa de alerta, ou seja, entre 30 e 40% de volume armazenado, até o final de 2022. Essa tendência preocupa os técnicos para as reservas de água necessárias para atravessar a estiagem de 2023. O ideal é que, ao final de abril, o Cantareira esteja operando acima de 60% para não haver riscos.

CONCLUSÃO DO
DOCUMENTO
A conclusão do documento atenta que os próximos meses serão de chuvas em nível próximo ou acima da média histórica, mas que o comportamento dos volumes de armazenamento de água e recarga do lençol freático, com as vazões menores que o esperado, preocupam os técnicos quanto à disponibilidade hídrica para o período seco do próximo ano.
O Consórcio PCJ mantém sua orientação de alerta com medidas de sensibilização acerca da preservação e uso racional dos recursos hídricos, além de desenvolver medidas preventivas e de contingenciamento para possíveis cenários de agravamento climatológico e hídrico, especialmente para o período de estiagem de 2022. A entidade ainda reforça a necessidade de municípios e empresas manterem grupos de discussão ou Comitê de Crise para debater ações que permitam se preparar para cenários de redução da disponibilidade de água.

PERDAS HÍDRICAS VARIAM
Em setembro, o Instituto Trata Brasil apontou que o país vai precisar de mais água. Até 2040, haverá pressões sobre a disponibilidade hídrica devido ao crescimento populacional e econômico, além dos impactos devido ao aquecimento global que pode bater 1,5°.
As perdas hídricas no Brasil variam muito, podendo ir de 14% a 85%, tendo como média 41%, o que causa impactos à disponibilidade hídrica e prejuízos econômicos ao país. Se esses índices não forem reduzidos, o Brasil terá de buscar um volume de água 70% superior ao que tem disponível hoje para atender o abastecimento. Em cenário realista, trazendo as perdas para 25%, o Brasil irá economizar R$ 53 bilhões (bruto) ou R$ 26 bilhões (líquido) até 2040. Caso isso não ocorra, será necessário encontrar mais água para o abastecimento.