Violência e guerra nunca serão o melhor caminho
“A violência e a guerra nunca hão de ser o melhor caminho, sob nenhuma perspectiva. O estrago que se faz é sempre irreparável, mesmo com todo o apoio que se possa dar. A paz deve ser um imperativo a ser buscado sempre, e é preciso disseminá-la mais e mais, através das gerações, dos países, da educação, da imprensa, da arte, do direito, das diferentes linguagens e para os diversos setores das sociedades”. Estas palavras são de Silvia Sander, Oficial de Proteção do ACNUR, a agência da ONU para refugiados. Como recebo regularmente os boletins dessa agência, gostaria de reproduzir aqui um pouco do clima de apreensão em torno da guerra Ucrânia-Rússia.
Há 6 meses, todos nós acompanhamos notícias e tristes atualizações sobre o conflito. A brasileira Silvia Sander esteve na Ucrânia entre abril e julho para contribuir com a resposta emergencial às pessoas afetadas pela guerra. Veja seu depoimento: “Poucos dias depois de ser chamada, já estava na Ucrânia para trabalhar como oficial de proteção em apoio à estratégia de proteção a mulheres e meninas – principalmente, em temas relacionados à violência de gênero. Minha base era em Lviv, para onde foi evacuado o escritório central do ACNUR”.
“Algumas imagens e sons da guerra me marcaram muito. As sirenes; os check points nas estradas; os prédios históricos protegidos; as pessoas mutiladas se recuperando, com as pernas e braços enfaixados; a presença militar ostensiva; os toques de recolher; a criança respondendo ao som da sirene com a imitação da bomba; o senhor chorando ao me mostrar sua igreja preferida toda coberta; uma construção arruinada por bombardeio à beira do rio; a voz das pessoas embargada pelas lembranças; as primeiras vezes em que houve bombardeios nas cidades ou perto de onde eu estava… Tudo isso são retratos que me marcaram muito”, relatou.
“Ao longo de minhas passagens em centros de atendimento e de acolhida, testemunhei incontáveis exemplos de pessoas que encontraram alguma segurança para respirar, dormir, descansar, a partir da assistência do ACNUR em suas diversas formas de proteção emergencial. O apoio ao ACNUR através de doações é o que garante que possamos estar na linha de frente de emergências humanitárias, ajudando a salvar as vidas de milhões de pessoas ao redor do mundo”. A guerra continua. E o número de ucranianos que precisam de ajuda humanitária triplicou. São cerca de 15,7 milhões de ucranianos precisando de assistência. A aproximação de um inverno rigoroso com temperaturas abaixo de 20ºC adiciona ainda mais complexidade à operação.