Unir a habitação social com a construção civil seria uma utopia?
E essa é a realidade de praticamente todos os municípios paulistas e de outras regiões do país.
Wagner Casemiro
A pergunta parece mais uma provocação política do que uma boa intenção econômica e social. Mas a economia criativa vive exatamente de criar pontes entre setores com interesses aparentemente distintos. Construtores de prédios e residências poderiam participar, sim, de iniciativas e projetos de habitação para a camada da população sem posses para comprar unidades mais baratas e simples do ponto de vista técnico e de localização. E essa possibilidade não é fruto de desvio ideológico ou de pré-campanha eleitoral. Talvez uma utopia.
Hoje, no cenário atual, contamos apenas com recursos do governo do Estado para resolver a demanda de habitação social em Atibaia. E essa é a realidade de praticamente todos os municípios paulistas e de outras regiões do país. A união entre empreendedores imobiliários e promotores da habitação social (Prefeitura e Câmara) poderia ampliar o que o governo municipal vem realizando, principalmente em regularização fundiária, com entrega de títulos de posse e preparação de projetos para novas unidades habitacionais.
Por que pensamos assim? Ao lermos, no site do IBGE, que o Índice Nacional da Construção Civil variou 1,48% no mês passado, o dado nos motivou a imaginar uma ponte por sobre a desigualdade social. Segundo a fonte citada, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) caiu em julho 0,17 ponto percentual em relação à taxa do mês anterior (1,65%), iniciando o semestre com o terceiro maior índice do ano. O acumulado nos últimos doze meses foi a 14,07%, resultado abaixo dos 14,53% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. De janeiro a julho, o acumulado fechou em 9,11%. Já em julho de 2021, o índice foi de 1,89%.
O custo nacional da construção, por metro quadrado, foi de R$ 1.652,27 em julho, sendo R$ 987,88 relativos aos materiais e R$ 664,39 à mão de obra. Em junho, o custo nacional fechou em R$ 1.628,25. A parcela dos materiais apresentou taxa de 1,38%, registrando alta de 0,19 ponto percentual em relação ao mês anterior (1,19%). Considerando o índice de julho de 2021 (2,88%), houve queda de 1,50 pontos percentuais.
Já a mão de obra apresentou taxa de 1,62%, caindo 0,73 ponto percentual em relação a junho (2,35%). Comparando com julho do ano anterior (0,52%), houve aumento de 1,10 pontos percentuais. De janeiro a julho de 2022, os acumulados fecharam em 8,56% (materiais) e 9,92% (mão de obra). Os acumulados em doze meses ficaram em 15,82% (materiais) e 11,52% (mão de obra), respectivamente.
O leitor, seja administrador ou estudante da disciplina, pode muito bem questionar nosso raciocínio aqui. Primeiro, isso faz parte do debate democrático sobre soluções para questões mais urgentes da população. Segundo, são muitos hoje os empresários que reconhecem que lucro e bem-estar social podem caminhar juntos e misturados.
* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.