Pandemia acelerou processo de transformação digital das empresas
São mais de dois aparelhos por habitante, com os celulares inteligentes assumindo papel predominante em utilização para transações bancárias, compras e redes sociais.
Wagner Casemiro
O avanço do investimento das empresas em tecnologias da informação (TI) no Brasil foi notório em 2021. Mídia, setor educacional e político reconhecem esta realidade, também revelada pela 33ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada em maio, pelo Centro de Tecnologia da Informação Aplicada (FGVCia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP). De acordo com o levantamento, essa antecipação do processo de Transformação Digital foi o equivalente ao esperado para o período de um a quatro anos. Outro dado que chama a atenção é o avanço dos dispositivos digitais em uso no país. Computadores, notebooks, tablets e smartphones somados já superam a marca de 447 milhões de unidades. São mais de dois por habitante, com os celulares inteligentes assumindo papel predominante em utilização para transações bancárias, compras e redes sociais.
Segundo a FGV, o número de smartphones no país também superam a marca de um por habitante. São 242 milhões de aparelhos em uso no país. Adicionando os notebooks e os tablets, são 352 milhões de dispositivos portáteis, ou 1,6 por habitante. A pesquisa também constata que vamos chegar à marca de um computador (desktop, notebook e tablet) por habitante no início de 2023. As vendas em 2021 tiveram crescimento de 27%, alcançando a marca de 14 milhões de unidades.
“Trabalhar, estudar de forma híbrida ou blended continuará a aumentar o uso e a venda de dispositivos digitais? A tendência é que sim. Em 2022, estima-se crescimento perto de 10%. Acreditamos que o isolamento, ensino e o trabalho a distância da pandemia vão deixar marcas permanentes na forma com que transacionamos, vivemos e enxergamos a TI e deverá resultar em modelo que combina o presencial com o remoto (blended e não híbrido) em solução que integra e potencializa as capacidades humanas com as digitais”, analisou o professor Fernando Meirelles, coordenador da pesquisa, em release divulgado pela instituição.
O uso e os gastos e investimentos em TI nas empresas representa 8,7% da receita e continuam crescendo. Essa expansão foi ainda mais notável em 2021 e 2022, em aspectos como valor, maturidade e importância para os negócios existentes e para viabilizar novos modelos de negócios. “Pode-se comprovar que, quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse Índice. Nos últimos 34 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 8,7% em 2021/22. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar nos níveis dos países mais desenvolvidos”, destacou Meirelles.
A pesquisa levantou a participação no mercado dos fabricantes de 26 categorias de software. A Microsoft continua dominando várias categorias no usuário final, algumas com mais de 90% do uso. Já os sistemas integrados de gestão (ERP) da TOTVS e da SAP têm 33% do mercado cada, Oracle 11% e outros 23%. A TOTVS lidera nas menores e a SAP nas maiores empresas. A coordenação da pesquisa entende que as novas tecnologias provocam a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e principalmente com o ecossistema da empresa. “Assim sendo, o ‘novo’ ERP continua a ser o coração da transformação digital”.
* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.