Santo Cruzeiro está abandonado e precisa de voluntários para a conservação

Quem passar pelo Santo Cruzeiro, na praça que une a Câmara, a Prefeitura e a Emei Florêncio, no centro de Atibaia, vai notar que o espaço religioso está mais limpo. Nesta semana, o voluntário Rafael Souza varreu a terra que se acumulava no entorno da cruz e nas proximidades das imagens de santos colocadas pela comunidade. Na quinta-feira, 24 de março, velas estavam acesas e era possível observar que o monumento com cruz de madeira precisa de pintura e revitalização. Funcionários da Prefeitura e terceirizados responsáveis pela limpeza da praça não costumam incluir o Santo Cruzeiro em suas rotinas.

 

O local é ponto de orações e cerimônias para católicos e praticantes de religiões africanas, como a umbanda. A praça existe desde setembro de 1922. Mas a história do Santo Cruzeiro tem início antes de sua inauguração, contou em artigo a jornalista Dárcie Visan. “Na Vila de Santa Cruz, também chamada de Largo da Forca, atualmente Praça da Santa Casa de Misericórdia, havia em cima do patíbulo uma enorme cruz pintada de preto, ali deveriam ser depositadas as últimas preces dos condenados à forca em meados do século XIX. Com a abolição da pena de morte no Brasil, o patíbulo foi retirado, mas a cruz ficou como objeto de veneração e devoção e ali os religiosos continuaram pedindo intercessão aos céus pelos anseios do coração”.
Continuando a história: em 1922, o poder constituído decide construir um outro lugar para veneração, inaugura o novo Cruzeiro em frente ao Cemitério São João Batista, lugar que abrigaria, mais tarde, os prédios dos três poderes: a Prefeitura, a Câmara e o Fórum. Na nova praça foi erguida uma outra cruz e a antiga, que lembrava os enforcados do Largo da Forca, foi transferida para a capela do Asilo São Vicente. Na mesma época, a cidade foi atingida pela gripe espanhola, responsável pela morte de dezenas de atibaianos. A população ligou os fatos e entendeu a tal desgraça como castigo divino pela mudança de local. A nova cruz então trouxe, além da lembrança do martírio de Cristo com as ferramentas da crucificação, a responsabilidade dessa maldição que teria recaído sobre o povo.