É importante “desconstruir” modelos de comunicação violenta
Nas últimas semanas, seguindo um pouco o caminho de mediadores e conciliares, comprei pela Amazon o livro “Como chegar ao sim” (Sextante), de Roger Fischer, William Ury e Bruce Patton, cofundadores do Projeto de Negociação de Harvard. Dando continuidade a esta coluna, estamos ouvindo os profissionais que atuam em Atibaia e Jarinu, integrando os nossos Cejucs. Hoje, nossa convidada é Vilma Borghi Marcondes Amaral Seixas.
“Não tenho formação na área do Direito e sim na área de Educação, sendo graduada em Matemática, Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia. Após minha aposentadoria como diretora escolar na Prefeitura de São Paulo, fiz o curso de Mediação de Conflitos no Instituto Meditativa. Mediar conflitos sempre fez parte das minhas funções como professora, diretora
de escola e diretora sindical. No Judiciário, passei a atuar como mediadora e conciliadora no Fórum de Santana e em São Bento do Sapucaí desde 2014”, relatou.
Para ela, a Oficina de Pais pode contribuir para a solução dos conflitos familiares relacionados ao exercício da parentalidade (divórcio, dissolução de união estável, guarda, visitas, alimentos, etc.) e nos cuidados dos respectivos filhos para o
saudável desenvolvimento emocional deles. Vilma Borghi concorda que a oficina contribui para evitar a transformação dos conflitos entre pais em processos judiciais: “A oficina visa transmitir aos pares parentais a ideia de que eles podem interagir e resolver seus conflitos com dignidade e respeito, por meio de relações dialógicas e justas, de forma a inviabilizar sua escalada e a eclosão de violência. No caso de eventual persistência desses conflitos, eles podem escolher conscientemente o método mais adequado de resoluçãode conflitos, percebendo os danos emocionais decorrentes do processo litigioso em comparação aos métodos consensuais de resolução de conflitos, como a conciliação e amediação”.
Como as famílias podem evitar as separações litigiosas e estimular uma parentalidade sadia? “Uma forma é tomar conhecimento da importância do exercício de uma parentalidade responsável, dissociada da conjugalidade mas consciente da necessidade do convívio qualitativo dos filhos com ambos os genitores, para o saudável desenvolvimento emocional deles, especialmente na fase da ruptura do relacionamento conjugal e na reorganização familiar. Outra é descontruir modelos de comunicação violenta e desenvolver novas formas de linguagem, mais pacificadora, produzindo possibilidades de diálogo, reflexões e revisões de conceitos e pensamentos e posturas, buscando soluções possíveis para que as necessidades de todos os integrantes da família sejam atendidas, especialmente as dos filhos”.
Vilma Borghi concluiu assim seu depoimento: “Não existe uma solução mágica para todos os problemas familiares, mas todos os casais são capazes de resolver suas questões e reconhecer a própria responsabilidade pela sua vida e pela vida de seus filhos. Assim, podem criar uma condição favorável para que o amor parental emerja e se expresse através de um comportamento pautado pela empatia, alteridade, respeito e cuidado”.