Mazzaropi em Atibaia
Em Atibaia o Circo Teatro Cacique, de propriedade do Sr. Antônio Souza, ficou armado na Praça Pedro de Toledo.
Márcio Zago
Em 1950 o Circo Teatro Cacique foi a grande atração cultural de Atibaia. Nos municípios de menor densidade populacional o teatro só chegava através do circo. Fato justificado pela ausência de espaços adequados para as apresentações, privilégio dos grandes centros. O gênero circo-teatro alcançou grande prestigio desde o inicio do século XIX até aproximadamente 1960.
Na programação textos de todos os gêneros, para todos os gostos: revistas, farsas, musicais, cômicos, dramas ou melodramáticos. Para manter a frequência, cada dia era apresentado uma nova história para plateias sempre ávidas de novidades.
Em Atibaia o Circo Teatro Cacique, de propriedade do Sr. Antônio Souza, ficou armado na Praça Pedro de Toledo. Além das peças teatrais, outras atrações eram anunciadas, como o dificílimo número do globo da morte, os malabaristas e contorcionistas nomeados “caciques-boys”, além do cômico Nhô Lau, anunciado como um caipira diferente que atuou até nas emissoras da capital.
Mantendo o “gênero caipira”, na última semana de permanência do Circo Teatro Cacique em Atibaia a atração principal foi do comediante Mazzaropi, “trazendo um belo show, por vezes assaz picante, momentos de intenso riso à imensa multidão que foi aplaudi-lo”. Na época Mazzaropi já era bastante conhecido no Brasil inteiro.
Nascido em 1912, foi um dos maiores mitos do cinema brasileiro. Sua popularidade era imensa. Por ocasião da exibição de seus filmes (os antigos moradores de Atibaia irão se lembrar), formavam-se filas de dobrar quarteirões a cada novo lançamento. Apesar de boa parte da crítica, ainda hoje, “torcer o nariz” é inegável que sua trajetória revela muito da cultura brasileira, e principalmente da “cultura caipira paulista”.
Entre 1952 e 1980, Amácio Mazzaropi escreveu 21 filmes, dirigiu 13, produziu 24, e atuou em todos os seus 32 longas metragens. Vendeu mais de 200 milhões de ingressos de cinema, numa época em que o Brasil tinha em torno de 70 milhões de habitantes. Morreu em 1981 e sua memória é preservada no Museu Mazzaropi, localizada em Taubaté, sua terra natal. Independente da fama do artista, um fato que chama a atenção, ao consultar os velhos jornais da época, era o tratamento respeitoso dado a todos os artistas circenses do passado por parte das autoridades locais, da imprensa e do público em geral.
Nas matérias publicadas sobre o assunto os editores tinham o cuidado de nomear todos os artistas participantes da trupe. Fato louvável que atesta a importância que tinha o circo comofonte de conhecimento, diversão e entretenimento para boa parte dos moradores das cidades do interior.
Márcio Zago é artista plástico e artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”. É criador e curador da Semana André Carneiro.