Consumo excessivo de internet leva à obesidade mental
Por Luiz Gonzaga Neto
O remédio está na própria mídia, que pode nos ajudar como se fosse fornecedora de vacinas. “Obesidade mental” não é o diagnóstico oficial de uma doença, mas um termo para explicar a produção e consumo de informações do mundo digital contemporâneo. Quem o utiliza é Vitória Perri, em matéria para o Jornal da USP. Todos nós sabemos um pouco sobre isso. O consumo excessivo de informações de baixa qualidade, disponíveis na internet, nas redes sociais e na televisão – com ampla gama de programas para todos os tipos de públicos – pode ter efeitos mentais, e até físicos, negativos.
Não por acaso as pessoas se queixam constantemente de “cansaço mental e emocional, procrastinação e, como consequência direta, perda de qualidade de vida”. Precisamos repensar o consumo de informações e decidir dar o primeiro passo, usando as redes sociais normais, mas selecionando os conteúdos. Segundo o filósofo e pós-doutor em discurso imagético pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, João Flávio de Almeida, esse consumo exagerado acontece com informações repetidas e, geralmente, de entretenimento.
“O entretenimento é, no campo da informação, o docinho, as guloseimas. São muitos doces, fáceis ao paladar”, explica Almeida. “A gente vai lá abrir uma série muito boa na Netflix; enquanto não acabar aquela caixa de guloseimas, enquanto não for do primeiro ao último episódio, eu não paro de comer aquele entretenimento”. Para o especialista, o grande consumo de informações de baixa qualidade impede o indivíduo de pensar em conteúdos diferentes.
Quais seriam as causas para a obesidade mental? Entre elas, as informações rasas e infantilizadas que, aliadas às redes sociais e seus mecanismos de interações – curtidas, comentários e compartilhamentos – proporcionam maior volume desses conteúdos. O resultado é passividade, que também afeta a saúde física, já que o grande período em frente às telas de computadores e celulares diminui o tempo diante do mundo real, material e, por consequência, a prática de atividades físicas e o contato com a natureza.
O remédio e a prevenção da obesidade intelectual estão no afastamento desses conteúdos ruins e no equilíbrio graças ao consumo dos bons materiais, como livros e conversas com pessoas inteligentes. Outra dica é escrever poesias ou voltar a desenhar, colocar a criatividade em prática na arrumação da sua casa. Pronto: a receita está na mesa.
* Luiz Gonzaga Neto é jornalista, analista em comunicação da Câmara de Atibaia e blogueiro, autor de brincantedeletras.wordpress.com. Esta coluna pode ser lida também no site do jornal O Atibaiense – www.oatibaiense.com.br.