Saúde lança guia alimentar de bolso para crianças menores de 2 anos
Edição resumida de bolso está disponível em versão eletrônica para auxiliar na introdução alimentar. Foto: Tony Winston/MS
A alimentação tem papel fundamental em todas as etapas da vida, especialmente nos primeiros anos, decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança, quando são formados os hábitos alimentares. Para apoiar pais e responsáveis nessa missão, o Ministério da Saúde lançou o Guia Alimentar de bolso para crianças menores de dois anos. A versão reduzida irá facilitar o cuidado com a alimentação dessas crianças. O guia reúne as principais recomendações sobre aleitamento, introdução à alimentação complementar e escolha de alimentos saudáveis.
Os desafios do cotidiano na alimentação da criança pequena são abordados na publicação, que teve a edição completa lançada em 2019, voltada para orientar famílias, responsáveis e profissionais de diversas áreas sobre aleitamento materno e alimentação saudável. Ao acessar o conteúdo, o leitor também poderá conhecer mais sobre direitos relacionados à alimentação infantil, além de recomendações sobre habilidades culinárias.
Em janeiro, a pasta também lançou uma versão resumida do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, disponível em formato eletrônico.
AMAMENTAÇÃO E OBESIDADE INFANTIL NO BRASIL
Apesar da prática da amamentação ter aumentado no Brasil, sua duração ainda está abaixo do recomendado. Um agravante é o fato de as crianças estarem sendo expostas muito cedo aos alimentos ultraprocessados, que prejudicam a saúde. A exposição a esses produtos tem ocorrido já nos primeiros anos de vida, com consumo de pouca variedade de alimentos saudáveis, como frutas e verduras ou minimamente processados.
A obesidade infantil traz sérios prejuízos à saúde, com desdobramentos na idade adulta. Além de aumentar os riscos futuros, crianças e adolescentes obesos podem apresentar dificuldades respiratórias, aumento do risco de fraturas, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e efeitos psicológicos, como baixa autoestima, isolamento social, transtornos alimentares, entre outros.
DIREITO À ALIMENTAÇÃO
A nutricionista Gisele Bortolini, coordenadora de Alimentação e Nutrição, da Secretaria de Atenção Primária, do Ministério da Saúde, destaca que o novo formato convida a população a conhecer mais sobre alimentação saudável e a se apropriar da discussão sobre o direito à alimentação e incluir mais hábitos saudáveis na rotina alimentar das famílias com crianças menores de 2 anos.
“O guia é um documento importante porque, no Brasil, a alimentação, assim como a saúde, é um direito. O guia alimentar tem como diretriz orientar sobre uma alimentação saudável e, a partir dela, espera tornar a fase da introdução da alimentação complementar, a partir dos 6 meses de vida, mais tranquila para pais, famílias, cuidadores e profissionais da área”, ressalta Bortolini.
Hoje, 60% dos brasileiros adultos têm excesso de peso. E essa condição está atrelada a uma complexa rede de determinantes, que inclui a alimentação inadequada.
A nutricionista reforça a necessidade de investirmos em ações de prevenção e controle da obesidade infantil, e completa: “O ambiente onde vivemos determina as escolhas alimentares, se eu vou comer algo saudável ou se eu vou conseguir fazer atividade física. Então, para prevenir todas as formas de má nutrição, precisamos de um conjunto de políticas públicas que garanta um alimento saudável desde a produção e o acesso até o consumo para todos os brasileiros”.
AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Ao investir na produção de publicações como os Guias Alimentares, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com a promoção da alimentação adequada e saudável para a população brasileira e reafirma a aliança com pesquisadores para o desenvolvimento de políticas, ações e programas baseados em evidências científicas confiáveis e de qualidade.
A má alimentação está no topo do ranking dos fatores de risco relacionados à carga global de doenças que mais contribuem para a mortalidade, ocupando a segunda posição. No Brasil, os alimentos ultraprocessados contribuem com cerca de 15% das calorias consumidas, com destaque para industrializados, seguidos dos doces.
ALIMENTAÇÃO, INTERESSE PÚBLICO
O tema é de interesse público. Por isso, a versão simplificada e gratuita, somada ao conteúdo de fácil navegação, facilita o acesso a um material de rápida leitura não apenas para profissionais, gestores e pesquisadores, mas também para a população em geral.
“Hoje, quando optamos por desenvolver guias e manuais breves e resumidos, temos mais chance de alcançar um maior número de pessoas, pois o problema pode ser a falta de tempo na leitura e não de interesse”, ressalta Bortolini.
Doze passos para a alimentação saudável da criança menor de 2 anos:
1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses.
2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6 meses.
3. Oferecer à criança água própria para o consumo em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno.
5. Não oferecer à criança até 2 anos de idade açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar.
6. Não oferecer à criança alimentos ultraprocessados.
7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família.
9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição.
10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família.
11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa.
12. Proteger a criança da publicidade de alimentos.
Karina Borges
Ministério da Saúde