As difíceis lições do Professor Corona
A pandemia tem sido uma escola exigente. Em março, concluiremos o primeiro ano da série que, segundo cientistas, pode chegar a sete anos. Uau! Ficou claro que o “velho normal” não voltará, o que deixa desesperadas as almas mais infantis. O “novo normal” será feito de cuidados sanitários constantes, em interações sociais e, principalmente, em aglomerações.
Uma das lições difíceis do Professor Corona, na matéria “Pandemiologia” é: a mentalidade brasileira média não está acostumada com o confinamento. Precisa de treinamento constante. Saudade e “saúde mental” não justificam visitas familiares perigosas e encontros de amigos, que aconteceram além de qualquer limite no Natal e no Ano Novo. Resultado: números de infectados, internações e mortes subiram exponencialmente nesta primeira quinzena de janeiro.
A principal lição, segundo meu humilde ponto de vista, é: a pandemia escancarou o desrespeito dos jovens pelos mais velhos. Ser coroa hoje não é garantia de muita coisa, além de direitos mais sedimentados nos serviços públicos. Se você não educou bem seus filhos, será “passado pra trás” até dentro de casa. Fora, nos deparamos com olhares e palavras nada carinhosos. É um “salve-se quem puder”, uma roleta russa e, aí, ter mais de 60 anos é uma grande desvantagem.
Outra difícil lição é quanto à desigualdade social. O coronavírus revelou um pouco mais as feridas históricas que nossa sociedade carrega, sem sentir vergonha delas. Essas feridas vem desde a colonização e a escravidão, que marcou a cor de nossa pele contra uma falsa “branquitude”, porque a questão não é esta.
Lição fundamental da pandemia é a adoção de hábitos e cuidados de limpeza que devem continuar, independente do coronavírus. Lavar as mãos sempre, usar máscara quando estiver com qualquer doença, evitar aglomerações e ambientes suspeitos, frequentar os supermercados e as lojas em horários alternativos, alimentar-se bem e dormir bem para o fortalecimento pulmonar constante.
A importância da ciência e da medicina também foi comprovada pelas demandas da pandemia, mesmo contra uma onda de negacionistas, tradicionalistas, fascistas e outras categorias ainda menos prestigiáveis. Pode ser frustrante para muitos, mas ainda continuaremos nessa sala de aula por um bom tempo.