Sem vacina, você acredita que pode viajar de avião?
A pandemia criou a tempestade perfeita para o setor aéreo. Com aviões parados, as empresas de aviação tiveram que cortar custos, reduzir salários e empregados e renegociar contratos para tentar sobreviver à crise econômica, que é considerada a pior da história. Passados alguns meses com voos reduzidos, as companhias aéreas se esforçam para driblar a crise do medo e convencer os viajantes de que é seguro viajar, apontou o Linkedin. Você acredita? Eu tento, mas não consigo. A neurose me pegou.
Nestes nove meses, cumpri o isolamento o melhor que pude e trabalhei em home office. Cada vez que pensava em férias, tinha de colocar as “barbas de molho”. É uma história comum. Fátima e eu compramos passagens da Alitalia para junho de 2020, destino Barcelona (via Roma), onde mora nossa filha Juliana. Ainda estávamos em fevereiro, mas as notícias da pandemia começavam a esquentar. Senti uma profunda dúvida sobre a viagem. E, logo, em março, a dúvida se transformou em certeza.
Claro que não conseguimos viajar em junho. As passagens foram canceladas e transferidas para setembro ou outubro e depois novamente canceladas. As brumas fecharam os voos. Agora, nosso horizonte de viagem pulou novamente para a frente, junho de 2021. Quem sabe… A pandemia pode ter uma segunda, uma terceira, uma quarta onda, diz o meu pessimismo, mas a esperança ficou depositada na chegada da vacina. Para mim, pode ser chinesa, russa, inglesa, alemã, brasileira.
Meu coração me diz que as viagens de avião nunca mais serão as mesmas. E que o turismo internacional foi atingido profundamente. Vai se recuperar um dia? Talvez. Os cuidados e os números terão de ser redimensionados e muito bem pensados. Não dá mais para circular por Paris e Veneza em enormes aglomerações populares. Ficar 12 horas em um voo entre São Paulo e Madri virou uma loucura sem precedentes.
Claro, o setor aéreo aposta nas férias de fim de ano para o reaquecimento e retomada da confiança dos passageiros. E ao que tudo indica o turismo doméstico será a preferência dos brasileiros, já que a maior parte das fronteiras continua fechada ou com restrições. Exceção: minha cunhada Alaíde e o marido Eudo conseguiram viajar neste novembro para a Suíça, onde acompanharão a filha dar à luz ao primeiro neto.
O segmento de turismo pode muito bem sonhar com o processo de saída da pandemia e o afrouxamento das regras de isolamento. Espero que essas empresas estejam certas, mas a dúvida “cruel” não passou.