Como a pandemia afeta as eleições municipais
Na próxima semana, vamos votar para prefeito e vereadores. Tivemos até aqui uma campanha atípica por conta da pandemia e os resultados do pleito refletirão essa realidade. A política municipal é uma atividade presencial por excelência, porque eleitores e candidatos estão acostumados a reuniões nos bairros, nas ruas, nas casas. Mesmo com os cuidados sanitários, como uso de máscaras e gel, o isolamento social ficou comprometido por conta das movimentações.
Ações presenciais como comícios, atos públicos e a campanha corpo a corpo, nos quais predominam apertos de mão e abraços, esbarram nas restrições e na proibição de aglomerações. Já nas convenções, as siglas priorizaram atividades virtuais. Os partidos que promoveram ações presenciais tentaram restringir a presença de filiados ao mínimo possível.
O jornal digital Nexo fez um balanço dos fatores que estão pesando sobre a campanha e atingirão também as urnas. Eleições municipais são pautadas por problemas locais (saúde, educação, habitação, transportes, e outros aspectos considerados “zeladoria urbana”) e, nas cidades, o avanço da doença interrompeu aulas, afetou a economia e gerou desemprego. Candidatos e partidos migraram suas campanhas para a internet e exploram um campo que foi decisivo nas eleições presidenciais de 2018.
Em Atibaia, visitar bairros como Caetetuba está na agenda dos candidatos. Todos reconhecem que, nesta campanha, o elemento digital é fundamental. Quem está à frente nas redes sociais tem vantagem na disputa, com destaque para as lives, assembleias e reuniões virtuais. Mas o material impresso também está chegando às caixas de correio, nem sempre com proteção higienizada.
Continua o receio das notícias falsas nas redes sociais e em aplicativos de troca de mensagens como o WhatsApp. Observadores da cena política ouvidos pelo Nexo entendem que a pandemia deve favorecer os que já estão no poder, os incumbentes. Em outras palavras, devemos observar taxas de reeleição maiores que as anteriores. Também podem voltar atitudes desleais, baseadas em flagrantes distorções da realidade, como fake news, simplificações, maniqueísmos e cultivo de bolhas e do “tribalismo” que opõe o “nós” a “eles”. Essas coisas sempre fizeram parte da competição política mas, com as redes, ganharam uma dimensão e um impacto nunca vistos.
Os observadores se perguntam até que ponto a pandemia vai afetar mais o comparecimento dos grupos de risco, especialmente dos eleitores com mais de 60 anos. Esse cenário pode prejudicar candidatos que dependem mais dos votos desses grupos de eleitores. Mas não dá para cravar qual grupo sairá mais prejudicado nesse contexto. Em outras palavras, temos muitas perguntas para responder até o domingo 15 de novembro.