Nossa mente visual embotou a intuição auditiva
Já contei aqui que estou fazendo aulas de música e arte com Gabriel Feitosa, músico e professor. Na segunda aula, observei o quanto a minha mente se tornou visual, até mesmo quando me refiro a palavras. É verdade, sou mais concretista nos meus textos livres – gosto de “ver” o vocábulo, mais que me dedicar ao seu som. Meu blog brincantedeletras, meio esquecido num canto virtual, reflete essa tendência: talvez a vontade espontânea de tornar os sons visíveis e as cores audíveis.
Por outro lado, ver a correspondência e até mesmo a conversa entre cores e sons, e vice-versa, é uma experiência que abre verdadeiro portal de conhecimento. Os orixás e suas cores mostram que esse portal tem uma dimensão na espiritualidade. Não é à toa que adoro usar branco ou cores claras – sinto que entro numa vibração de paz, de transparência, de acolhimento, até mesmo transcendental.
As cores escuras do inverno, que são as preferidas para as vestimentas, reforçam o ar depressivo ou deprimido, comprimem nossa audição e percepção geral. Como seres tropicais, somos solares, amarelos, azuis e verdes. Os europeus, de clima temperado ou frio, preferem sons e cores mais fechados, mais escuros, não é? Em grande parte, sim, ou é o que parece.
O estudo da relação entre cores e sons pode ter um lado antigo, ancestral, mas também tem uma ponte com a tecnologia. Há um movimento de teatro que propõe vivências ao público (vi histórias no canal Arte 1), explora essas sensações, utilizando todas as ferramentas disponíveis hoje. Enfim, descobri que estou apenas engatinhando nessa questão. Ainda é cedo para esta criança que assina esta coluna – só 65 aninhos.