“Independência ou Morte”

O 7 de Setembro de 1822 representa o momento em que o país rompeu formalmente os laços com Portugal e declarou sua independência, marcando o início de um novo capítulo para o Brasil. Deixou-se para trás o status de colônia para se transformar em nação soberana. Mais de dois séculos depois, no entanto, fica a pergunta:a ruptura política foi suficiente para assegurar ao país a autonomia real em todas as esferas?

O “Grito do Ipiranga” em 1822 afirmou a autonomia territorial e governamental do Brasil, mas pode-se dizer que foi um processo incompleto. Pobres, escravizados e indígenas continuaram sem acesso às promessas que vieram junto com a independência. Não foi uma emancipação para todos os brasileiros. A estrutura do poder permaneceu nas mãos de poucos, mantendo a maioria às margens dos direitos básicos, o que gerou desigualdades estruturais que perduram até hoje.

O 7 de Setembro deve ser visto, portanto, como o ponto de partida de uma longa jornada rumo a uma independência completa, em um sentido mais amplo. A verdadeira independência de uma nação não reside apenas na soberania territorial ou na criação de um Estado formal, mas na capacidade de garantir que todos os seus cidadãos possam viver com dignidade, liberdade e igualdade. O Brasil ainda enfrenta desafios profundos nesse caminho: a desigualdade social, a corrupção, a exclusão econômica e as disparidades regionais continuam a ameaçar o ideal de uma nação verdadeiramente autônoma.

Além disso, o Brasil de hoje, em um cenário globalizado, se depara com novas formas de dependência. A economia brasileira ainda é vulnerável às flutuações internacionais, o que nos obriga a refletir sobre nossa capacidade de agir de forma independente em um mundo interconectado. Se no passado a dependência estava nas mãos de uma metrópole, hoje ela assume contornos econômicos, políticos e tecnológicos muito mais complexos.

As comemorações do 7 de Setembro, nos tempos atuais, não podem se limitar a desfiles e cerimônias militares. Elas devem ser um momento de reflexão coletiva sobre os avanços e retrocessos no caminho para uma verdadeira independência. Precisamos questionar se a liberdade conquistada em 1822 foi estendida a todos os brasileiros e em que medida conseguimos superar as desigualdades e injustiças que marcam nossa trajetória.

O 7 de Setembro nos lembra que a independência é um processo em construção, que demanda esforço contínuo para que todos os brasileiros possam usufruir plenamente dos direitos e liberdades que ela simboliza.

O que significa, de fato, ser independente em pleno século XXI? Neste 7 de Setembro, em vez de apenas relembrar o passa do, devemos olhar para o futuro e perguntar: como cada cidadão pode contribuir para o fortalecimento da nossa democracia, da nossa economia e do nosso bem-estar coletivo? A verdadeira independência é um processo contínuo, uma construção diária que depende do engajamento de todos.