Quando os paulistas lutaram pela democracia

Atibaia não ficou indiferente à batalha e aos ideais da causa. Foram diversos os contingentes enviados pela cidade, com mais de 120 homens, todos voluntários, seguindo para a luta.

Em 9 de julho de 1932, o Brasil testemunhou o início de um dos mais significativos movimentos em sua história republicana: a Revolução Constitucionalista. Este evento, que se estendeu até outubro do mesmo ano, não foi apenas um levante armado, mas um clamor de um estado inteiro, São Paulo, por uma governança democrática e pela restauração dos valores constitucionais. Hoje, ao refletirmos sobre esse episódio, reconhecemos sua importância inegável na trajetória da democracia brasileira.
A Revolução Constitucionalista de 1932 teve suas raízes fincadas na insatisfação crescente com o governo provisório de Getúlio Vargas, que assumira o poder em 1930 após a deposição de Washington Luís. Embora a ascensão de Vargas prometesse uma nova era de reformas e progresso, a falta de um compromisso claro com a convocação de uma Assembleia Constituinte gerou descontentamento, especialmente em São Paulo. O estado, que se via marginalizado nas decisões políticas e econômicas, tornou-se o epicentro de um movimento que clamava por um novo pacto constitucional.
Atibaia não ficou indiferente à batalha e aos ideais da causa. Foram diversos os contingentes enviados pela cidade, com mais de 120 homens, todos voluntários, seguindo para a luta.
Muitos foram os nomes de Atibaia que participaram das batalhas e há ainda os que contribuíram para a causa. Em 1932, o governo de São Paulo precisava angariar fundos para prover tudo que fosse necessário aos seus combatentes, mas não tinha recursos para tanto, por isso, criou a campanha “Ouro para o bem de São Paulo”.
A campanha consistia em arrecadação de fundos, sejam como fossem as doações, para dar ao exército. Muitas famílias da cidade participaram, com doações de ouro e joias. Todos que doaram algo, receberam um certificado nominal com a frase”deu ouro para o bem de São Paulo”.
No Cemitério São João Batista fica um Mausoléu que recebeu os ossos dos soldados constitucionalistas de Atibaia. O pedido para construção de um ossário para os ex-combatentes foi atendido na época pelo prefeito Takao Ono.
Em Atibaia, os ex-combatentes são lembrados também no Escadão, que leva o nome de Rua Voluntários de 1932.
O conflito resultou em significativas perdas humanas e materiais, e a derrota militar dos paulistas parecia inicialmente indicar um fracasso de suas aspirações. No entanto, a Revolução Constitucionalista de 1932 foi, em última análise, uma vitória moral e política. A pressão exercida pelo movimento foi crucial para a convocação da Assembleia Nacional Constituinte em 1933 e a promulgação de uma nova Constituição em 1934.
Hoje, ao olharmos para trás, a Revolução Constitucionalista de 1932 deve ser lembrada não apenas como um capítulo de conflito, mas como um testemunho da força do espírito democrático brasileiro. Ela nos ensina sobre a importância da participação cidadã e da vigilância constante para a manutenção dos direitos e das liberdades.