Espetáculo gratuito apresenta texto de Tennessee Williams

Com direção de Wellington Duran e produção do Teatro Artaud, a peça compõe a programação do festival de inverno de Atibaia. Na foto o diretor Wellington Duran(à direita) em cena do espetáculo The Loners.

Anna Luiza Calixto

Um paralelo traçado entre a irreverência, a inquietação diante de problemáticas sociais e políticas e a entrega física e emocional do elenco é parte do que se pode esperar de The Loners, adaptação teatral da dramaturgia do aclamado autor norte-americano Tennessee Williams, produzida pelo Teatro Artaud e dirigida por Wellington Duran, que conversou com O Atibaiense sobre o espetáculo.
As apresentações acontecerão no Cine Itá Cultural nas noites de 15 e 16 de julho, às 19h30min. A entrada é franca e os ingressos podem ser retirados no local a partir de uma hora antes do espetáculo.

 

 

Três premiadas obras cinematográficas com a assinatura e o DNA inconfundíveis de Williams tiveram suas principais cenas recortadas para compor o espetáculo The Loners, que aborda, nas palavras do diretor, “a solidão humana em meio a marginalidade, o desejo e a loucura”.
Os leitores desta Coluna estão habituados a refletir sobre o quanto os sujeitos sociais são multifacetados e revelam suas nuances de maneira mais acentuada em meio às intempéries da vida cotidiana. Tennesse Williams é uma referência neste tipo de análise crítica e, para a adaptação que teve como estopim sete textos curtos do autor, Duran adianta que o público pode esperar “uma entrega visceral dos atores em cena, mergulhando profundamente na densidade das cenas e das personagens tristes e solitárias de Tennessee Williams, brilhantemente interpretadas de maneira poética e real, levando o público a um lugar de emoção e exacerbação da condição humana sensível aos grandes dramas da vida.”

 

 

Em uma breve análise, pode-se considerar que o espetáculo dialoga com dois dos principais filósofos contratualistas, a começar pelo suíço Jean-Jacques Rousseau, que acreditava que o homem, bom em sua natureza, é corrompido pelas circunstâncias em que vive, pelos cenários de violência e pelo contexto opressor que o rodeia. Sem nenhuma reserva, The Lonersaponta para a marginalidade e para o submundo que, na realidade, atravessa todo o tecido social, percorrendo, ainda nas palavras de Duran, “todas as camadas da pirâmide social.”Tal como premeditou o inglês Thomas Hobbes,”o homem é o lobo dopróprio homem”, a violência se instaura na realidade coletiva devido à degradação da dignidade dos homens. Onde falta sentido para a existência, restam razões para a naturalização das violações de direitos.
O diretor acrescenta que “pensamos ser o momento de homenagear um dramaturgo estrangeiro que, além de ser um ícone para meu trabalho como ator e diretor do Teatro Artaud, seria o cerne das nossas convicções relativas ao que queríamos dialogar nesse momento com uma sociedade que vive a acentuação de efeitos nocivos da pandemia, como a violência doméstica, o machismo, os preconceitos contra a identidade de gênero, a decadência financeira de algumas famílias e principalmente as neuroses acentuadas no período de isolamento social, em especial a depressão, a ansiedade e o pânico, fatores esses que nos conduzem a um mergulho nas fugas emocionais como o álcool, as drogas e a prostituição.”
Nada poderia ser mais apropriado a esta premissa que a obra do premiado autor americano Tennessee Williams, que, conta Duran,”teve a coragem de expor as feridas do pós-guerra americano nos anos cinquenta, exorcizando em seus textos todos os temas pertinentes aos nossos dias atuais, fato esse que confirma a universalidade e a atemporalidade de sua obra, imortalizada por personagens que são espelhos da sociedade contemporânea.”

SERVIÇO
Local: Cine Itá Cultural (R. Visc. do Rio Branco, 51 – Centro, Atibaia – SP, 12940-690)
Datas e horários: 15 e 16 de julho às 19h30min
ENTRADA FRANCA COM RETIRADA DE INGRESSOS A PARTIR DE UMA HORA ANTES DO ESPETÁCULO
Direção: Wellington Duran
Trilha sonora: Fernando San
Iluminação: Evandro Éric