Cerâmica de Atibaia reafirma qualidade após 40 anos de produção

Esse artesanato estético, decorativo ou utilitário, ganhou reconhecimento do público consumidor, moradores e turistas.

A cerâmica de Atibaia está viva. Exposição realizada recentemente no Cine Itá Cultural mostrou esse potencial, com peças de artistas da cidade, roda de conversa e exibição de documentários sobre o movimento. Esse artesanato estético, decorativo ou utilitário, ganhou reconhecimento do público consumidor, moradores e turistas. O evento celebrou 40 anos da 1ª Mostra de Cerâmica de Atibaia.
A exposição, que teve curadoria de Lili Ranchin, Silvia Suckeveris e Solange Braile, reuniu peças de pessoas que fazem parte da história da cerâmica do município – seja por hobby, arte-terapia, inclusão social ou profissionais da arte. A mostra buscou apresentar a diversidade e singularidade dos trabalhos, formas e queimas dos artistas. Destaque para a participação especial da Associação Novo Rumo.
A mostra contou com 45 expositores e homenageou os artistas ShugoIzumi, Arlete Levi, André Levi e Joana de Sousas. Por iniciativa da Câmara (vereador Marcão do Itapetinga), foi instituído pela Prefeitura o Dia Municipal do Ceramista, a ser comemorado anualmente em 28 de maio, seguindo articulação em nível nacional. A comemoração instituída pela lei deverá integrar o Calendário Municipal de Eventos. A Secretaria de Cultura demonstrou mais uma vez sintonia com a classe artística de Atibaia.
Segundo Lili Ranchin, que conversou com o jornal O Atibaiense, a exposição divulgou igualmente as virtudes do hobby e da terapia que foram incorporadas pelos praticantes da cerâmica em Atibaia. Essa prática acaba sendo também uma “reunião de amigas”, o que não diminui o alcance artístico da arte. Como a primeira mostra foi no início dos anos 80, quando o prefeito era Takao Ono, houve uma ponte político-cultural, porque o atual prefeito, Emil Ono, é o filho disposto a dar sequência e consolidação à herança administrativa do pai. E cultura também é administração pública.
Essa articulação apontou para caminho que pode fortalecer as políticas culturais em Atibaia, recuperando terreno que outros grupos políticos trilharam no passado da cidade. As técnicas podem chegar à comunidade, incluindo crianças e adolescentes, pelas oficinas e ateliês vivos. Os estilos e técnicas tradicionais e modernos da cerâmica devem ser conhecidos pelo público de todas as idades. Dignos de nota são os processos de queima, como forno a lenha, gás e elétricos, como apontou o Prof. Hermes Péricles Felippe, gestor cultural, colecionador de arte e grande incentivador da educação em Atibaia, cuja trajetória intelectual vem sendo reconhecida aqui.
“Devido às diversas possibilidades plásticas, cada cultura que cada geração nela encontra novos meios de expressão, donde concluímos que a arte cerâmica tem começo, mas não tem fim”, observou a ceramista Arlete Levy em texto guardado pelo Museu Municipal João Batista Conti e encaminhado à imprensa da época. Ao longo desses 40 anos, a cerâmica de Atibaia foi divulgada pelo jornal O Atibaiense, o “São Paulo-Shimbun” e o “Estado de S. Paulo”.
Outra frente extremamente interessante e importante é o trabalho da Associação Novo Rumo, exposto também no Cine Itá, com a influência portuguesa na construção e arquitetura brasileira, mais precisamente com a azulejaria. Destaque para o reconhecimento do azulejo como objeto e como parte integrante das casas brasileiras. Na sequência, Laiz Ferreira, arte-educadora, apresentará azulejos da entidade no 23º Congresso Português de Arteterapia, da Sociedade Portuguesa de Arteterapia, em outubro deste ano.